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domingo, 17 de abril de 2011

O Abuso da Platéia

Cenas de nudismo. Existe tanto filme pornô, tanta revista com homens e mulheres nus, tanto sexo explícito e on line, tantas casas de swing, exibicionismo, festas sexuais... As pessoas podem transar com quem quiserem, podem ver seu próprio corpo à vontade... Não entendo porque elas vão ao teatro ver uma peça e na única cena de nudismo, filmam com seus malditos celulares, a artista que está ali, nua, dentro do TEATRO, dentro de um contexto na peça que está sendo encenada.
Pois isso aconteceu comigo quando fui dançar Mulher Selvagem em São José do Rio Preto. Estava até havendo um certo respeito quanto ao uso de celulares para filmar o espetáculo (sendo que é terminantemente proibido fotografar ou filmar qualquer espetáculo, em respeito aos direitos autorais dos artistas). Mas no momento em que inicio a cena nua, houve um festival de luzes na platéia. Eram tantas pessoas me filmando que confesso ter me ocorrido o pensamento de parar ali mesmo a cena, mandar todos eles pra puta que pariu e ir embora para casa. Mas não fiz assim. Segui a cena. Senti ódio. Tive vontade de matar aqueles filhos da puta ignorantes e escrotos que estavam ali naquela platéia. Não fui embora desta vez. Mas não sei se aguentarei se isso acontecer de novo. Se eu quisesse ficar por aí pelada, eu o faria. Hoje, penso que nunca mais porei cenas de nudismo porque não há controle mais nas malditas câmeras, ou melhor... nas malditas pessoas ignorantes que não respeitam o artista... e de qualquer forma, É PROIBIDO FILMAR OU FOTOGRAFAR ESTE ESPETÁCULO. Essa frase e nada é a mesma coisa. Direitos autorais ficam onde? Alguma providência deve ser tomada. O que está acontecendo? O que é pra fazer agora? Será que é melhor aceitar o profundo desrespeito e já fazer espetáculos consciente que quem quiser vai filmar e fazer o que quiser com o vídeo? Ou será que ainda vale à pena insistir em conscientizar o público, ensinar nas escolas, fazer programas nos centros culturais de conscientização ao respeito aos direitos autorais e principalmente à exposição do corpo que certos trabalhos exigem? Será que é possível fazer isso nesse país? Ou eu que estou aqui brigando sozinha? Sinto-me abusada. Quem quiser me ver nua de perto, que me conquiste, me seduza e me leve pra cama.

Rosa Antuña



FOTO : Guto Muniz

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Isso é ridículo

Estava pensando... e se os artistas todos do mundo fizessem uma greve geral? Como seria? Como ficaria o mundo sem música? Não haveria novelas, nem cinema, nem seriados... não haveria dança, nem apresentações em teatros... nem shows... nem cores, telas, esculturas... muito menos livros, poesias, histórias... como ficaria um mundo sem arte? Seria sobrevivível? Como ficariam as pessoas? Cinzas? Pálidas e opacas... Transfomariam-se em robôs? Nasceriam, cresceriam, se reproduziriam, envelheceriam e morreriam? É... engraçado... e aqui no Brasil pelo menos, a arte é tão desvalorizada... Acho o planeta Terra um lugar surreal! Primeiramente pois tudo é pautado no dinheiro. Para se viver aqui assinamos um contrato antes de nascermos que diz "agora você é um escravo do dinheiro, parabéns!". Sendo assim, a arte também se tornou escrava disso! E os artistas! Os artistas precisam de dinheiro pra pagar as contas, pra criar os filhos... não adianta chegar na padaria ( pelo menos do jeito que nosso mundo sem noção é hoje) e dizer : "quero um pão, em troca, como não tenho dinheiro, te declamo um soneto." O padeiro não vai aceitar essa troca, pois não adianta ele chegar pro dono do seu apartamento e dizer que este mês o aluguel será pago com uma serenata! Pois o dono do apartamento precisa de dinheiro para pagar o colégio da filha, que não aceita que o pagamento seja uma demonstração de tango feita pelos pais dessa filha! Isso porque a dona do colégio gostaria de chegar no banco, onde ela tem uma dívida e dizer que vai pagar com um quadro que ela pintou. O banco não vai aceitar! O banco aceita apenas dinheiro e a sua alma. Bem... voltando do devaneio momentâneo... sabemos das diferenças surreais de distribuição de renda no nosso país e no mundo. Na arte a questão continua. Caso você se torne uma dupla sertaneja, ou se chame Luan Santana, você pode ter a sorte de fazer sucesso e ficar exageradamente rico. Você pode ser um excelente flautista e passar aperto a vida inteira para pagar suas contas. Tudo bem. Aqui em nosso absurdo sistema capitalista é cada um por si e quem for mais esperto se arruma e que se danem os outros que foram idiotas. Não é assim? Hoje eu não incentivo mais nenhum jovem a seguir sua carreira como artista, a menos que seja um chamado da Alma tão forte, que isso fará com que ele tenha forças pra enfrentar as dificuldades. É preciso saber que aqui no Brasil, a arte é mendiga. Os artistas vivem de esmolas. As leis de incentivo e as políticas públicas têm um formato estranho, que parece que vai ser bom, mas não é. São leis enrigecidas, que tentam confinar a criação e os artistas, como se eles fossem da área de exatas!!! Claro! Quem criou essa Lei, deve ser da área de exatas!!! Como não pensei nisso antes?!! Além do quê, o teto do salário que colocam, ao menos pra bailarino, que conheço mais, é um desrespeito. É um absurdo. Nossa, acho que, dentro da arte, a carreira da dança é das mais desrespeitadas nesse país. Posso estar errada! Mas os bailarinos não recebem o que merecem pela dedicação, trabalho e risco da carreira que escolhem. Os eventos e festivais, cada vez com menos verba, tudo tem que enxugar. Mas existem pessoas neste planeta que compram ilhas!!! Tem alguma coisa muito errada aqui! Se o dinheiro fosse equalizado pelo mundo não haveria miséria. Não haveria pobreza. Enquanto isso, nós, mendigos da Arte vamos nos debatendo tentando comer as migalhas que o país nos joga através das leis de incentivo... vamos nos debatendo, nos engalfinhando... ... e isso é ridículo.