Próximas apresentações e workshops:

Rio de Janeiro:
- agosto: O Vestido - aguardem

E no segundo semestre tem estreia: ANGELINA!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aracaju

Hoje à noite... um pastel de caranguejo e um caldinho de camarão! Delícia!
Ah! E à tarde, antes da oficina, comprei um biquíni de quinze reais! Lindo!
Amanhã é feriado. 1 de maio. A cidade está cheia de turistas. Aracaju tem bem um clima de férias e me parece que o pessoal é bem festeiro! Também estou na orla, onde tem muitos bares e hotéis, mas mesmo assim, senti todo mundo por aqui muito animado! Vi crianças vendendo coisas à noite, nos restaurantes, mas todas bem vestidas. Não vi nesta região, pobreza, miséria... pelo contrário. Aliás, deixei uma gorjeta para o garçom e ele quis me devolver! Tive que explicar a ele que era uma gorjeta!
Aracaju é ótimo! A cidade é linda!

E para quem tem tempo de fazer os passeios turísticos, já fiquei sabendo que o Canion Xingó é fascinante.Mas  são três horas de viagem até chegar lá. Por isso, tem que ter um bom tempo disponível.

Amanhã apresentaremos Escapada e depois de amanhã, será A cia daqui. Também teremos um intercâmbio, para trocar experiências com os bailarinos de Aracaju. Será muito bom! Essa troca costuma sempre ser muito rica.

Flor ou borboleta?





Cheguei para dar a oficina hoje no SESC. Foi ótimo. Havia onze alunos. Uma professora de biologia, uma psicóloga, bailarinos, atores, interessados em arte. Estiveram bem disponíveis para o trabalho. Como o tempo foi mais curto, dei uma pincelada em vários exercícios para que vivenciassem alguns caminhos de sensações corporais. Conversamos. Fizeram algumas perguntas.







 A Tice foi minha assistente novamente (pois na oficina que dei no Rio de Janeiro ela também me ajudou muito). E ela é indispensável! É organizada, prestativa, tem discernimento... sabe contornar ou resolver qualquer situação inusitada! E além disso é um doce! Formou-se no Cefar, na escola de Dança do Palácio das Artes. Foi quando a conheci, pois coreografei muitos trabalhos lá. Sempre gostei muito de trabalhar com ela. Depois ela dançou no Balé Jovem do Palácio das Artes e também deu aulas para as crianças, alunas do Cefar. E foi ao atuar e dançar na peça que escrevi e dirigi "De Perfumes & Sonhos", que ela foi "vista" por Mário Nascimento. Em seguida ele a convidou para fazer aulas conosco, na Cia MN e em pouquíssimo tempo ela já era do grupo. Aliás, parece que ela está conosco há muitos anos.
Ela é de Formiga, interior de Minas.
Nós a chamamos Tice, mas seu nome é Eliatrice... parece nome de flor... ou de borboleta... fada... ou... bailarina!


A Torta Prestígio de Aracaju


Já estou em Aracaju. Chegamos ontem. O vôo foi ótimo. Tranquilo... um céu azul maravilhoso! Mas na realidade por aqui está tendo uma seca brava. Saímos de Petrolina às 6:15am para Recife.
Consegui concluir um SUDOKU nível fácil, que tinha nos jogos eletrônicos no avião(minha mãe ia adorar essa modernidade! rsrs). Esperamos no aeroporto umas duas horas e então partimos para Aracaju.
Estávamos todos muito cansados pois dormimos muito pouco. Na véspera tentei dormir cedo, mas não consegui.



Fomos recebidos ao chegarmos em Aracaju pelo André Santana, do SESC, com muita simpatia e um abraço caloroso, como costumam ser as pessoas que trabalham no SESC.
Almoçamos e fui à praia, bem aqui em frente. Estamos em um hotel na passarela do Caranguejo.


O mar aqui fica longe, pois tem uma praia de muita areia espalhada... infinita... aqui, se tiver tsunami, não chega na cidade! A gente anda, anda na areia e não chega no mar nunca! É ótimo para a prática de
esportes na areia. Tem espaço para todo mundo!

Anoitece cedo, como em João Pessoa. Às17:30hs já é noite! E às 5:30hs da manhã também já é dia pleno!




Depois tomei um banho e saí procurando algo para comer. Estava me sentindo irriquieta e ansiosa. Queria acalmar algo que não sabia o quê. Nenhum lugar me atraía até que... "Casa da Gabriela" pâtisserie, aqui na orla mesmo, perto do hotel.
Fui tomada por um ímpeto que fez com que eu me lançasse lá dentro. Avistei uma prateleira com empadas. Sabores deliciosos. Quis logo uma de ricota com tomate seco. Mordi. Pausa. Que sabor! Ainda tinha uma pimentinha maravilhosa e na medida! Ah! Foi quando vi algo mais. Elas. As tortas. Suculentas. Apetitosas. Mal estava na metade da empada e já fui pedindo uma torta. Foi difícil escolher o sabor. Prestígio ganhou. A torta de prestígio ganhou. Chocolate com côco. Dei a primeira mordida e algo mágico aconteceu. olhei pela janela e o mundo havia parado! Os carros, as pessoas... até mesmo o vento! Tudo parou naquele momento e só havia eu minha torta prestígio. Comi. Comi. Comi. E apenas quando terminei e dei um suspiro profundo, o mundo voltou a girar e a vida recomeçou. Somente eu presenciei este momento inesquecível. O momento da torta prestígio, em Aracaju. Depois ainda pedi um casadinho, ou dois-amores, aquele docinho gostoso metade preto e metade branco. A vendedora olhou para mim e eu disse a ela aquilo que explica toda e qualquer incongruência feminina: estou de TPM!

Ah! E aí é quando vem a solidariedade feminina! Todas se compreendem! A dona da pâtisserie ainda me mostrou outra torta que levava mais chocolate, dizendo que aquela era ainda melhor para TPM.
Ela foi muito simpática. Ela veio de São Paulo, está em Aracaju há quinze anos e sua confeitaria começou com um blog! www.casadagabriela.blogspot.com

Bem, depois de me sentir mais calma. Voltei para o hotel. No dia seguinte daria uma oficina de Arte-Integrada no SESC.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Petrolina Vale Dançar

Chegamos em Petrolina, almoçamos e fomos para o "Pensamento Giratório", na biblioteca do SESC. Foi ótimo. Havia muitos bailarinos, pesquisadores e estudiosos de dança. Integrantes do Grupo Peleja, que têm uma linda pesquisa em Cavalo-Marinho e os integrantes da Cia Qualquer um dos Dois, daqui de Petrolina também estavam presentes. Mário falou sobre como administrar uma cia de dança. Ele contou a história do trabalho dele. A história da Cia MN. E toda a luta que foi e ainda é para conseguir realizar os espetáculos, aprovar projetos e manter o grupo. Todos ficaram muito atentos. Fizeram muitas perguntas pertinentes. Este é realmente um assunto muito importante, pois se você não tem uma boa estrutura, organização e espírito empreendedor, não conseguirá realizar o trabalho artístico. Percebemos que todos aqui são idealistas e muito dedicados à dança   . Tudo o que conseguiram foi à base de muito esforço. Têm um trabalho sério.

Mais tarde assistimos à apresentação de um grupo local, o Qualquer Um dos Dois. Eles têm jovens com um grande potencial por aqui! Existe um bom movimento de dança em Petrolina. Aliás, está acontecendo aqui a Aldeia Vale Dançar, do SESC, com oficinas, apresentações, conversas... é um lindo encontro!


Dia 24 apresentamos Escapada e dia 25 Faladores. A platéia foi maravilhosa! Dançamos no Centro Cultural João Gilberto, em Juazeiro. O bate-papo foi ótimo. Foi a primeira vez que alguém perguntou sobre o figurino! Claro que foi um figurinista! rsrs...

 camarim

preparação do palco

bate-papo

Nos dias 25 e 26 houve oficina de dança contemporânea com Mário Nascimento no SESC Petrolina. Foi ótimo.

Para Petrolina

Foi lindo o caminho na saída de Triunfo. Descemos a serra e cada paisagem mais linda do que a outra! Fomos acompanhados por muito tempo por borboletas amarelas. Sinal de proteção, boa sorte e alegria!

Passamos por Serra Talhada, cidade de Virgulino Lampião. Dizem que a cidade é violenta. Fazendo juz ao seu ilustre rebento... Avistamos uma pedra enorme, que parece ter sido cortada com um facão. É por causa dela que a cidade leva este nome: Serra Talhada. Bonito. Forte. Sonoro. Marcante. Serra Talhada.

Dali para frente entramos no polígono da maconha. É. É assim. E saímos mais cedo de Triunfo para não pegarmos este trecho da estrada no final da tarde, pois o motorista, o Sérgio, nos alertou que tem muito assalto por aquela região.



A viagem foi ótima e muito tranquila.

De repente... pela primeira vez... ele apareceu, timidamente, ao longe! Depois veio chegando mais perto... e mais perto... até se mostrar forte e poderoso! Ele : "o velho Chico" !
Fiquei emocionada. Foi a primeira vez que vi o Rio São Francisco assim, "pessoalmente".
Depois ele se afastou e chegamos em Petrolina.

É claro que vim cantarolando esta música de Jorge de Altinho, muito cantada por Gonzagão, além de Alceu Valença, Elba Ramalho e outros grandes artistas:

Petrolina Juazeiro

Na margem do São Francisco, nasceu a beleza
E a natureza ela conservou
Jesus abençoou com sua mão divina
Pra não morrer de saudade, vou voltar pra Petrolina

Do outro lado do rio, tinha uma cidade
Que na minha mocidade eu visitava todo dia
Atravessava a ponte, ai que alegria
Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia

Hoje me lembro que nos tempos de criança
Infinita era carranca e o apito do trem
Mas achava lindo quando a ponte levantava
E o vapor passava num gostoso vai e vem

Petrolina, Juazeiro, Juazeiro, Petrolina
Todas duas eu acho uma coisa linda
Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina!


Sapos, amigos, danças e coentro... em Triunfo!


Quando cheguei do passeio pela cidade onde fui ao Museu do Cangaço e também à Igreja de Nossa Senhora das Dores, fui direto para a piscina da pousada. Levemente aquecida, fica perfeita! Toda hora chegava alguma borboleta amarela para apresentar a sua dança. Fiquei na piscina até anoitecer. Foi quando eu e Mário ficamos amigos de um casal que estava lá com seu sobrinho. Eles moram em Caruaru e foram para lá para ver o Santa Cruz jogar num lugar ali perto! rsrs... Normando e Wagna e o sobrinho Felipe.
Uma das melhores coisas nas viagens é fazer amizades! Ah! É importante lembrar que também contamos com uma ilustre presença na piscina: um sapo enorme! kkkkk... ele ficou dentro do cano nos observando, e em determinado momento deu um pulão e nadou peito muito bem nadado! Devido a um pequeno escândalo dado pela equipe feminina, o sapo foi arremessado por Normando para um córrego próximo. Ele voou.



O dia seguinte foi tranquilo. Almoçamos lá em cima, no SESC. Delícia! Às 17:00hs fomos para o Teatro que ainda está em reforma, mas já está funcionando. É pequeno mas muito aconchegante. Tem apenas um pequeno camarim muito simples, mas conseguimos nos arrumar. Não tinha espaço para coxia, por isso tivemos que fazer algumas adaptações nas nossas entradas e saídas, mas resolvemos bem. Atrasamos um pouquinho para começar, para esperar a missa acabar. Muita gente veio depois da missa! Apresentamos Faladores. Foi ótimo. Ficaram muitas pessoas para o bate-papo. Platéia muitíssimo educada e interessada. Uma energia linda! No final, uma senhora disse ter vindo de Fortaleza para passear em Triunfo. Fazer turismo. E que jamais esperara ser surpreendida por um espetáculo tocante, sensível, divertido... ela parabenizou o SESC por essa iniciativa. Disse estar saindo de Triunfo com uma recordação maravilhosa. Nossa! Como é gratificante ouvir isso! Que bom! Que troca maravilhosa!
Outra surpresa! Normando, Wagna e Felipe voltaram após o jogo do Santa Cruz, que perdeu, e foram assistir o espetáculo! Eu e Mário ficamos muito felizes com isso! As amizades aqui no nordeste são assim. Sinceras.


Jantamos no hotel uma ceia maravilhosa. Já tem um tempo que venho reparando que tanto no Rio Grande do Norte, quanto em Pernambuco, utiliza-se muito coentro na comida, principalmente no feijão. Mas nessa ceia da pousada, senti um gostinho de coentro na sopa... hum... comi rezando! rsrsrs... Despedimos e trocamos endereço dos nossos amigos de Caruaru. Ainda nos encontraremos mais.
Arrumei minhas coisas e dormi muito bem ao som dos bichinhos da noite. Como me senti bem ali! E a pousada é toda de pedra, muito acolhedora.

Acordamos, café da manhã delicioso, pusemos tudo na van e fomos embora, rumo à Petrolina.
Levo Triunfo no meu coração... Foram dias muito felizes e cheios de borboletas amarelas!


terça-feira, 24 de abril de 2012

O Cangaço em Triunfo

A viagem de Garanhuns para Triunfo foi bem tranquila. Já estamos acostumados com a van e nosso motorista, o Sérgio, é excelente! Gostamos muito dele! Também todas as viagens foram curtas. A mais longa foi esta, que durou quatro horas e meia, mas é tão bom observar a mudança da paisagem, ver as pequenas vilas...  O outro detalhe é que eu morro de medo de avião, então sempre vou preferir ir por terra!!! rsrs...

Chegamos em Triunfo e ficamos imediatamente encantados pela cidade, que tem muitas ladeiras, como nas cidades históricas de Minas. Eu e Mário decidimos sair para passear naquele dia, pois como o espetáculo seria no dia seguinte, eu particularmente, prefiro descansar.

Caminhamos pelas ruas da cidade e fomos até o Museu do Cangaço. Fomos recebidos pela dona Selma. Muito gentil, atenciosa e única, com sua poderosa voz rouca nos deu uma aula sobre o Cangaço e a história da cidade.

Lá estávamos nós de novo... seguindo os passos de Lampião! Já havíamos visitado o Memorial da Resistência em Mossoró, que me impressionou muito, pelas enormes fotografias dos cangaceiros. Agora, no museu de Triunfo, minha sensação foi outra. Senti essa história mais próxima e mais real. Havia ali chapéus e armas que foram usados pelos cangaceiros. Havia alguns objetos pessoais do próprio Lampião. Fotos de mulheres que tiveram o rosto marcado por eles... foto da filha de Lampião. Tudo muito paupável. Concreto.



Lampião nasceu em Serra Talhada, que é bem próximo de Triunfo. E as pessoas da cidade têm muitas histórias ainda bem vivas sobre ele. Na pousada onde ficamos hospedados, a Baixa Verde, tem até um curta metragem que foi feito por seus donos, contando sobre uma passagem de Lampião por ali, na época do avô do dono da pousada. Eu vi o curta. Caseiro. Gostei muito! Lampião levou um tiro no pé e foi pedir abrigo ao Coronel (avô do atual dono da pousada). Foi um disse-que-me -disse na cidade. Ele realmente ficou escondido lá, recebeu tratamento e ao se recuperar, o coronel mandou acabar com a luz da cidade para que ele pudesse fugir na escuridão da noite.

E ainda um hóspede da pousada me contou que no dia do casamento de seu avô, Lampião atacou para resolver uma briga de família. Nessa época ele ainda não era "famoso". Esse hóspede é de Serra Talhada.





A moita de bambu da Baixa Verde

Foi um presente a oportunidade de irmos nos apresentar em Triunfo! O caminho de Garanhuns para lá foi lindo! Subimos a serra. Em alguns momentos me lembrou vagamente a região de Cuzco, no Peru. O caminho de Cuzco para Macchu Picchu... Sim... Triunfo é mágica. É uma cidade delicada e linda! Tem um lago grande e o hotel do SESC fica no ponto mais alto da cidade que já é no alto! Tem um teleférico que leva do lago ao Sesc! Meus amigos andaram nele e adoraram! Eu não gosto de ficar com os pés fora do chão, voando pelo céu,  então acabo perdendo essas oportunidades!

Nosso hotel, Baixa Verde, foi uma grande surpresa! Me senti em uma pousada lá em Macacos, perto de Belo Horizonte! Mesma coisa! Piscina aquecida, muitas árvores, flores, pássaros... e saguis! Sim, muitos macaquinhos! E borboletas que não acabavam mais... e calangos, sapos, morcegos, besouros... rsrsrs... tudo o que a natureza pode nos oferecer... fora a comida deliciosa! Tapioca, mel de rapadura... hum... sopas... tudo divino! E para variar, todos de uma gentileza...


Mas o que mais me impressionou foi a grande moita de bambu da pousada. Quando vinha o vento ela emitia um som muito peculiar... parecia que estava profetizando algo... Fiquei parada diante dela, ouvindo seus conselhos. E ela me mostrou como é ser flexível e humilde. Me mostrou como me curvar diante dos outros, como respeitar o lugar e papel de cada um, sem perder minha essência e dignidade. Me mostrou que devemos ser maleáveis com as situações da vida... que se ficarmos duros e rígidos, podemos nos partir ao meio! E a moita de bambu ia estalando, ecoando, às vezes muito forte e às vezes de forma suave. Ela ia balançando, se acertando, se acomodando... Fiquei ali, absorvendo sua energia e força por algum tempo... buscando levar comigo mais estes princípios: força e flexibilidade, no corpo, na mente, no coração e na alma. Obrigada querida moita de bambu. Eu me lembrarei das suas palavras ao longo desta viagem... e espero tê-las comigo por toda a vida.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Triunfo, o Oásis do Sertão







O espetáculo em Garanhuns

Havia muito a ser feito tecnicamente no teatro para o espetáculo, mas nosso técnico, Helinho, juntamente com a equipe técnica, deram um jeito. 
Apresentamos Escapada. Platéia maravilhosa! Um público de 400 pessoas interessadas e educadas. O espetáculo fluiu.

No bate-papo muita gente ficou para conversar conosco.E foi ótimo. Legal um jovem que disse que essa era a primeira vez que estava assistindo dança contemporânea e que ficou muito impressionado, que havia gostado muito! Perguntou se achávamos que a dança e a arte de maneira geral, poderiam encaminhar pessoas que têm problemas com violência. Ele se referia à cidade do amigo que estava ao seu lado na platéia. Disse ser uma cidade pequena e muito violenta.

É claro que a arte ajuda muito. A arte nos absorve, nos molda, nos eleva. A arte nos direciona. E a dança, especificamente, traz disciplina, prazer, auto-estima, equilíbrio no corpo e na alma. Sim. A dança cura. E podemos dançar profissionalmente ou apenas por prazer, por gostar de dançar. E existem tantos caminhos...
Que esta cidade à qual se referiram na platéia, encontre a sua dança... que esta cidade seja tomada pela arte!


Bate-papo após o espetáculo

Após o bate-papo desmontamos o cenário de Escapada, tudo foi colocado no caminhão que já iria sair para Triunfo.
Enquanto eu esperava o caminhão ser carregado, fiquei do lado de fora, nos fundos do teatro, perto da nossa van. Vi duas mocinhas negras de shortinho branco muito justo e curto. Muito maquiadas, andando sozinhas por ali. Já era umas nove e meia da noite. Estava muito deserto. Os carros passavam rápido. Veio uma picape com um jovem homem branco. Buzinou para as meninas. Ele parou o carro mais à frente da nossa van. Fiquei olhando esta cena corriqueira aqui no Brasil. Elas davam risinhos, olhavam uma para a outra. Até que após as negociações as duas entraram no carro. E foram embora. 
Fiquei olhando até o carro fazer a curva. Que coisa. Fico sem ter o que falar diante disso... e enquanto eu me sentia assim... melancolicamente sem palavras, vi um casal despontando no fim da rua. Um homem negro e uma mulher branca. Traziam uma sacola que devia ser de compras para a casa. Andavam de mãos dadas naquela rua escura e deserta. Pareciam muito companheiros. Que coisa... fico sem ter o que falar diante disso... e enquanto eu me sentia assim... emocionadamente sem palavras, o motorista da van ligou o rádio e começou a tocar uma música brega.

Garanhuns

Neste momento já estou em Petrolina.

Saímos de Caruaru (ficamos em um hotel excelente, diga-se de passagem, onde não sei qual dos funcionários era mais gentil! "Village Hotel") em direção à Garanhuns, conhecida como "a Suíça do Nordeste", pois tem o clima bem mais fresquinho e no inverno chega a fazer frio!
A cidade é muito boa e bem estruturada.

Ficamos no hotel do Sesc, que é uma delícia, com instrutores para recreação, sala de ginástica, piscina... e a comida... hum... a comida! Deliciosa! Ainda bem que ficamos apenas dois dias, senão eu não ia mais entrar no figurino! E os funcionários todos umas graças!

Providenciaram um quarto no térreo para mim, pois meu joelho estava doendo e meu quadríceps também. E para a minha surpresa, em frente ao meu quarto havia um arbusto com cinco papagaios!!! Eles são criados lá. E um deles veio no meu dedo! Adoro! Já tive duas na minha casa: Mariquita e Maricota. Elas eram verdadeiros membros da família! Foi uma delícia acordar com a algazarra habitual desses amiguinhos verdes. Cantavam, assobiavam e batiam papo. Eles ficam soltos por lá. Estão muito bem cuidados.


Às 16:00hs fomos para o teatro, que foi a antiga estação de trem da cidade. Bonito. Precisa de mais cuidados... é um casarão bem antigo! Gosto muito de dançar em lugares antigos... fico imaginando as histórias do lugar... as pessoas que já passaram por ali...


Logo na entrada algumas fotos de pontos turísticos de Garanhuns e à esquerda uma lojinha de souvenirs. Pena que não deu tempo de fazer turismo! Quero voltar lá um dia para conhecer a Igrejinha da Mãe Rainha. Por enquanto terei que me contentar apenas com a caneca com a foto desse lugar, que comprei para dar de presente à minha mãe. rsrs...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mestre Vitalino





A Feira de CARUARU

A FEIRA DE CARUARU - baião de Onildo Almeida

A feira de Caruaru,
faz gosto a gente vê,
de tudo que há no mundo,
nela tem pra vendê,
na feira de Caruau.

Tem massa de mandioca,
batata assada, tem ovo cru,
banana, laranja, manga,
batata, doce, queijo e caju,
cenoura, jabuticaba,
guiné, galinha, pato e peru,
tem bode, carneiro, porco,
se duvidá... inté cururu.

Tem cesto, balaio, corda,
tamanco, gréia, tem cuêi-tatu,
tem fumo, tem tabaqueiro,
feito de chifre de boi zebu,
caneco acuvitêro,
penêra boa e mé de uruçu,
tem carça de arvorada,
que é pra matuto não andá nu.

Tem rêde, tem balieira,
mode minino caçá nambu,
maxixe, cebola verde,
tomate, cuento, couve e chuchu,
armoço feito nas torda,
pirão mixido que nem angu,
mubia de tmburête,
feita do tronco de mulungu.

Tem loiça, tem ferro véio,
sorvete de raspa que faz jaú,
gelada, cardo de cana,
fruta de paima e mandacaru,
bunecos de Vitalino,
que são cunhecidos intá no Sul,
de tudo que há no mundo,
tem na feira de Caruaru.

Caruaru

Apresentamos Escapada e Faladores em Caruaru. Um, foi no dia 17 e o outro, no dia 18 de abril, no Teatro Rui Limeira Rosal, no SESC.
O Teatro é pequeno e bem arrumado. Foi muito gostoso dançar lá. Além disso, a equipe técnica foi maravilhosa e colaborou muito para que tudo saísse bem e de forma tranquila.
Os espetáculos foram bem e nos dois dias a platéia foi ótima. Muita gente ficou para o bate-papo, que foi ótimo.



 Severino, do SESC de Caruaru

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sol no Coração

É isso mesmo. O sol de Caruaru brilha tão sorridente e gentil, que fez meu coração voltar a sorrir!
Aliás, não é somente o sol que é gentil, as pessoas daqui também o são. São muito amorosas. São afetuosas e bem-humoradas. Elas fazem a cidade ficar mais bonita. E... de maneira geral... as pessoas daqui têm a bochecha tão gostosa que dá vontade de apertar! rs...

Ontem foi um dia lindo.
Como tive uns dias nublados, minha colega Aretha veio conversar comigo com sua doçura e timidez. Como é bom poder contar com os colegas. Como é bom saber que você não está sozinho na sua equipe... compartilho isso, pois acho que é algo válido em todas as áreas de trabalho... Mas numa tournée de dois meses, em especial num grupo de apenas sete integrantes, as relações são muito importantes. A intimidade vai sendo, aos poucos, construída. Ela jamais deve ser imposta. Acontece ou não.Mas é muito bom quando acontece. E quando há amor, tudo flui melhor. O amor traz paciência com a quele colega que está nervoso em um dia, traz solidariedade com o outro que ficou doente... faz você compartilhar uma boa notícia e alegrar o ambiente... É claro que há momentos, principalmente quando o cansaço se faz muito presente, onde a equipe inteira fica estressada. É quando temos que ter mais cuidado, respeitar o espaço do outro... procurar não invadir... Mas com amor fica mais fácil passar pelos momentos de turbulência. E foi muito bom poder ouvir palavras de carinho em um momento de fragilidade. Afinal, somos um grupo. Estamos juntos. Um deve proteger as costas do outro, como no exército de esparta. E isso fortalece o grupo. Fortalece a equipe. Fortalece o trabalho. Isso une e aproxima.

Que bom será o dia em que nós, seres humanos, aprendermos a caminhar juntos, com amor, respeito, tolerância... que bom será o dia em que compreendermos o significado de "um por todos e todos por um".
Enquanto isso, vamos aprendendo no nosso dia a dia, pequenas lições de amor e afeto, que tecem relações sólidas que ficam para vida inteira... e tem coisa melhor do que isso?

terça-feira, 17 de abril de 2012

SALVE PERNAMBUCO!!!

Leão do Norte  - Lenine e Paulo César Pinheiro

Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá
Sou o boneco do Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da orquestra armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo no baque solto de Maracatu
Eu sou um alto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luis Gonzaga
E vou dando um cheiro em meu bem

Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte

Sou Macambira de Joaquim Cardoso
Banda de Pife no meio do Canavial
Na noite dos tambores silenciosos
Sou a calunga revelando o Carnaval
Sou a folia que desce lá de Olinda
O homem da meia-noite puxando esse cordão
Sou jangadeiro na festa de Jaboatão
Eu sou mameluco...

Memórias... Dessau, Alemanha

São 10:15hs. Acabo de acordar. Perdi o café da manhã de novo. Aliás, até agora nesta tournée, foram raras as vezes em que consegui acordar a tempo de tomar o café da manhã! Sou muito lenta pela manhã e gosto de dormir até mais tarde sempre que posso. É o que mais me recupera.

Mas hoje acordei com uma angústia e um silêncio dentro de mim. Eles são meus velhos conhecidos... E essa sensação no meu peito me lembrou Dessau, na Alemanha.

Em 1996, eu tinha 19 anos, estudava na Palucca Schule Dresden. Uma bailarina da Cia de Dessau se machucou e me mandaram para lá para aprender um ballet em uma semana e dançar. Era um trabalho infantil. Não me lembro do nome do coreógrafo, nem sei como escreve o nome da coreografia. Quando voltar a Belo Horizonte, em 26 de maio, confiro isso nas minhas coisas.
Bem, peguei o trem e lá fui eu sozinha para Dessau. Não era muito longe de Dresden. Umas duas horas talvez. A cidade era cinza e marrom. Construções em blocos pesados. Parecia que a cidade estava emburrada com alguma coisa... acho que a cidade ficou profundamente emburrada depois da segunda guerra... Olhei para o céu, procurando ver a cor azul, mas ela tinha saído. E em seu lugar estava uma austera cor cinza que dizia para mim: "o que você esperava?". Desculpei-me com a senhora cor cinza, disse que não esperava nada, estava só com os olhos perdidos, meio sem ponto fixo... não sei se ela acreditou.

Fui encaminhada para o hotel do teatro. Naquele tom marron e cinza. Mas arrumadinho, confortável. naquela época não tinha celular, nem internet, nem skype, facebook... Era telefone fixo.
Arrumei minhas coisas, tomei banho, não me lembro se jantei, nem como. E então me dei conta que havia esquecido meu despertador!!! Entrei em desespero! Justo eu que acordo tarde! Tinha que acordar às 8:00hs da manhã! Como eu ia fazer? Saí pela cidade para tentar comprar um, mas tudo já estava fechado. A noite escura me repreendeu: "O que você pensa que está fazendo, menina? Aqui ninguém fica na ru à noite! Volte para casa e durma." Pensei : "Nossa, que noite mais alemã..." E a lua nem estava lá para me defender, pois se ela estivesse, aquela noite madrasta iria ouvir poucas e boas!

Resultado, dormi com um olho fechado e o outro aberto! Deixei a cortina aberta para que eu visse assim que o sol surgisse. E ele surgia meio fraquinho... estava precisando de vitaminas. Levantei quando ele raiou, me arrumei, fui em busca de um relógio despertador e fui para o teatro ensaiar, depois daquela noite tensa e mau dormida.
Na coreografia eu fazia o papel de uma boneca Barbie! Na época não soube avaliar se era bom, ruim, moderno, cafona... fui lá, aprendi, dancei, recebi e fui embora. Nada mais.

Nessa semana que passei em Dessau, lembro-me também de um dia em que fui até uma típica cabine telefônica (dessas que Clark Kent vira Super-Homem) e liguei para o Brasil para falar com minha mãe. Liguei à cobrar. Caiu primeiro na telefonista brasileira. Eu estava me sentindo tão profundamente só, que comecei a conversar com ela mesmo. E ela me ouviu e foi muito gentil. Comecei a chorar dizendo que estava com saudades do Brasil, que estava muito sozinha... e ela me ouviu, me deu força, disse que outros brasileiros fora do país sentiam a mesma coisa... E hoje vejo o quanto isso foi lindo! Agradeço a ela do fundo do meu coração por aquele momento!

Porque me lembrei dessa história hoje?
Ah! Acho que foi porque acordei com uma angústia e um silêncio... e eu sentia isso o tempo todo quando estava em Dessau. Mas ao abrir a cortina do meu quarto, aqui em Caruaru, vejo um sol lindo e um céu azul sorridente, me convidando para dar uma voltinha lá fora.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Saudades...

Estou triste. Sem vontade de escrever. Chorei cântaros. Falei ao telefone com minha mãe (horas!). Falei ao telefone com amigos queridos e pessoas especiais na minha vida. Meditei. Tomei sol. Fiz amizade na piscina do hotel. Ganhei uma bolsa amarela. Li tarot. Tomei banho e passei todos os cremes. Comi um sanduíche americano com suco de cajá. Acendi um incenso. Fiz as unhas. Vi todas as novelas. Mandei mensagens no facebook para outras pessoas especiais na minha vida. Saudades do Luan ( meu maltês). Saudades do olhar de algumas daquelas pessoas especiais na minha vida... Saudades da minha casa colorida. Saudades da minha vidinha que é boa demais! Faltam 36 dias para voltar para casa.
Amanhã tem espetáculo.

domingo, 15 de abril de 2012

Bate-Papo no Complexo Cultural da Zona Norte de Natal

Após nossa apresentação, que foi a décima em 17 dias, houve o bate-papo com a platéia. Estávamos já muito cansados. Pegaríamos o vôo bem cedo no outro dia. Havia poucas pessoas para o bate-papo. 
Foi quando veio uma mulher muito engraçada falando sobre o espetáculo. Todos rimos muito. Ela foi muito divertida. Em seguida, uma professora, Rhena, começou a falar sobre o quanto ela gostaria que os alunos dela tivessem visto este trabalho. O quanto é importante o tempo para refletir sobre nós mesmos... O quanto poderia haver mais espetáculos ali na zona norte de Natal... ela foi muito sensível e bem articulada em sua colocação. Outra moça disse ainda que notou como todos fazemos o nosso trabalho com muita paixão. Até aí eu já estava bem sensibilizada.
Foi quando uma mulher de olhar muito doce começou a falar. E ela foi falando, falando, tecendo seus sentimentos e sensações sobre o espetáculo de uma forma rara e sábia. A ouvimos com atenção. Enquanto ela falava pensei  "este bate-papo é feito para nós, não para a platéia... somos nós quem precisamos aprender com o olhar do público sobre nosso trabalho... somos nós quem precisamos ouvir as palavras de força e incentivo para seguirmos em frente, apesar das dificuldades, cansaço, saudades de casa... o momento do bate-papo é quando recebemos o retorno para nos reforçar que estamos no caminho certo e que ainda há muito por vir... muito crescimento, aprendizado... o momento do bate-papo está se tornando, ao menos para mim, um momento sagrado dentro dessa tournée." E enquanto eu pensava isso e ouvia a mulher falando, minhas lágrimas iam escorrendo... Ela é Dorinha Timóteo. Pedagoga e contadora de histórias, muito atuante ali na região da zona norte de Natal. Foi um prazer, uma alegria e uma honra tê-la ali conosco.



Novos amigos da zona norte de Natal. Esperamos voltar em breve!