Próximas apresentações e workshops:

Rio de Janeiro:
- agosto: O Vestido - aguardem

E no segundo semestre tem estreia: ANGELINA!

sábado, 12 de outubro de 2013

CRÍTICA - Helena Katz - O Estado de São Paulo - 7 out 2013

Pedras do castelo de Mário Nascimento

A cia do coreógrafo, bailarino e diretor evidencia em 'Nômade' a força que pode ter no palco uma pesquisa bem sucedida

07 de outubro de 2013 | 2h 13

Helena Katz - Especial para O Estado de S.Paulo
Nômade, a mais recente produção da Cia Mário Nascimento, recém-estreada em São Paulo no Teatro Sérgio Cardoso, tem como mérito apresentar as pedras e o castelo que elas constroem. Quem não tiver a clareza necessária sobre o que é, de fato, uma pesquisa continuada em dança, encontra aqui a solidez do que a tece: a insistência de uma relação de necessidade juntando os passos/pedras ao que deles resulta, uma coreografia/castelo, que se guia pela transformação permanente e se inaugura em cada nova etapa da sua construção.
'Nômade' é a mais recente produção da Cia Mário Nascimento - Duda Las Casas/ Divulgação
Duda Las Casas/ Divulgação
'Nômade' é a mais recente produção da Cia Mário Nascimento
Esse processo contínuo e ininterrupto tem agora 15 anos. Uma história que retrocede e avança em uma trajetória parabólica. O coreógrafo, bailarino e diretor Mário Nascimento inventou um movimento que vai até a distância da sua força. Um movimento que se dilata na fundura de um espaço que se abre e abre e abre, ao mesmo tempo sendo e provocando uma ventania que não cessa de reorganizar uma paisagem. Nela, algumas referências já são identificadas na assinatura de uma forma que vem desenhando um corpo específico. O corpo de um artista que dança, toca instrumentos, fala e canta.
Nessa construção em fluxo, foi necessário encontrar parceiros sem os quais ela não se viabilizaria. No atual elenco todos estão, felizmente, encharcados destes movimentos, cada um na sua medida, fazendo-os brotar e transbordar do seu jeito. São oito bailarinos formando uma constelação cujo brilho vem dos rebatimentos do que um faz no que outro faz. Alicia-Lynn Castro, Eliatrice Gischewski, Fábio Costa, Gustavo Silvestre, Leo Garcia, Marcella Gozzi, Mário Nascimento e Rosa Antuña têm a sabedoria de se especializar em repetir uma mudança. Não se dedicam a limpar os gestos porque esse procedimento não cabe na sua proposta. Vão dançando com a urgência daquilo que não cessa. Nos momentos em que caminham, estão apenas ligando o que acabam de fazer com o que vai ser continuado.
Rosa Antuña, há 10 anos trabalhando com Mário Nascimento, exemplifica o sentido mais pleno de uma espécie de beleza que vem somente da permanência. Ela realiza a poesia de um dançar que vai ventando pela cena. Seu trabalho de voz agora voa, e no seu corpo tudo vai acontecendo como nos desenhos animados antigos: começa do centro para as bordas, ganhando nitidez.
A consistência do que foi gestado até aqui pede a sua continuidade. Sem ela, não é possível garantir que algo tão precioso como o trabalho que Mário Nascimento vem realizando continue a se desenvolver. Enquanto o contexto de intermitência promovido pelos editais não desaparecer, vai ficando cada vez mais claro que o sistema de financiamento à cultura que hoje existe ameaça justamente a pesquisa continuada. Felizmente, quem não assistiu sua curtíssima temporada de estreia poderá encontrá-los no dia 5 de novembro, no Sesc Santo Amaro.

sábado, 28 de setembro de 2013

Miss Brasil 2013 !

Como é possível que ainda exista o concurso de miss? Algo que está perdido no tempo e no espaço, totalmente fora do contexto... que mulheres são essas que vestem e vivem esse papel tão tolo? Como as mulheres permitem que um concurso tão fútil e idiota ainda exista? Candidatas, porque vocês se candidatam?
O que vocês querem? Serem lindas? Serem vistas? Vocês acreditam que são as mulheres mais lindas do estado, do país e do mundo? Vocês não vêem que vocês se colocam expostas ao ridículo? E com isso vocês nos desmerecem a todas, todas as mulheres.
Queridas e inocentes misses: vocês não vêem que vocês estão concorrendo ao papel da "mulher-enfeite"? Aquela mulher que apenas desfila, sorri, dá um tchauzinho igual da Barbie e é completamente estúpida? Vocês não vêem que empresários, políticos e tarados só querem comer vocês? Vocês não vêem que as mulheres estão lutando a tanto tempo por respeito e de repente vocês se colocam no lugar da mulher boazinha e boazuda? Isso é uma afronta! Já fomos tratadas desta maneira absurda por séculos! Queimamos soutiens e então vocês chegam e se candidatam a um concurso como esses???? Ficam desfilando com roupas barangas, desfilam de biquíni, dão respostas idiotas a perguntas imbecis... que vergonha eu sinto... que vergonha.

E que vergonha eu sinto de Minas Gerais por ter sediado um evento retrógrado como esses... decadência. Decadência.

domingo, 1 de setembro de 2013

O Vestido - Fotos Marco Aurélio Prates

Ensaio fotográfico - divulgação do solo O Vestido - criação, direção e atuação Rosa Antuña
fotos: Marco Aurélio Prates









"Estou aqui para romper com todos os contratos que assinaram em meu nome sem a minha autorização."
texto - O Vestido

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Breve explanação na Abertura do Festival Palco Giratório 2013

Na segunda, dia 5 de agosto nós (Cia Mário Nascimento) fomos convidados para fazer a abertura do Festival palco Giratório em Belo Horizonte, no SESC Palladium.
Fizemos uma performance inédita no foyer do Teatro. E, em seguida, conduzimos a plateia a entrar e então a mestre de cerimônias começou uma explanação oficializando o evento. Também um representante do SESC falou. E eu fui convidada para, representando a Cia Mário Nascimento, falar sobre a experiência que tivemos durante nossa participação do Palco Giratório 2012.

Ao longo do Palco Giratório 2012 fui relatando tudo aqui no blog e para mim foi um grande prazer poder compartilhar isso, falando de improviso para as mais de 800 pessoas da plateia. Foi mais ou menos isso:

"Gostaria de parabenizar a todos por terem vindo ao teatro numa segunda-feira para prestigiar o maior prêmio de circulação do País, o Palco Giratório.
Acho importante lembrar que o SESC cobre uma lacuna que era função do Estado. Ele realmente leva arte, educação e cultura para todo o País. Digo isso, pois quando cheguei em Caicó e vi a Concha Acústica do SESC com toda a sua programação e no nosso espetáculo dezenas de crianças assistindo... Nós dançamos em Roraima, Porto Velho, Cuiabá, Vitória, Florianópolis... Foram mais de 30 cidades em 20 estados brasileiros!
Uma experiência única. Isso é um investimento não apenas para a formação de plateia, ou para levar cultura para as pessoas.. mas é também um investimento no artista. Pois todos nós , do grupo, fomos afetados pela experiência com o Palco Giratório. E isso interfere diretamente na nossa postura enquanto artista e mesmo em nosso posicionamento político. Isso se refletiu na criação que fizemos logo após a tournée do Sesc: NÔMADE. Trabalho que fala sobre nomadismo. E nós tivemos uma experiência direta como nômades no ano passado. E nós enxergamos hoje o Brasil de uma forma que não víamos antes. Conhecemos inúmeras pessoas, sabores, opiniões, culturas... e isso nos enriqueceu. E isso devolvemos em arte, devolvemos na maneira como estamos em cena hoje, devolvemos no amadurecimento que tivemos ao longo desse ano em que giramos pelo Brasil!
Descentralizar é algo fundamental. O Brasil não é Rio e São Paulo. O Brasil é TODO o País. E sempre após as apresentações tínhamos o bate-papo com a plateia. O que foi de uma riqueza tão grande para nós... Algumas vezes fomos surpreendidos por palavras tão sensíveis e precisas à respeito do nosso trabalho... que ficávamos emocionados. E foi clara a diferença do nordeste pro sudeste. No nordeste as reflexões eram humanistas... as pessoas pensavam na sociedade, na vida delas.. quanto mais descíamos em direção ao sudeste e ao sul, mais técnicas as pessoas da plateia ficavam em seus argumentos e posicionamentos, o que não é ruim... mas elas estavam mais distantes do sentimento.
Também quero lembrar que artista não precisa de glitter, nem de holofote. Artista precisa estar em cena, em todos os lugares. É isso que faz da gente artista. Cuidado com o que vocês assistem e consomem da rede Globo... Não quero desmerecer o trabalho daqueles que estão lá, mas quero é dizer que existem muitas outras coisas além do que se vê na televisão. Busquem, procurem, se interessem, pesquisem... pesquisem sobre os artistas do seu país, sobre os diretores, os coreógrafos... e arrisquem! Vão ao teatro para experimentar algo novo! Pode ser que vocês detestem... pode ser que vocês adorem... pode ser que vocês não entendam nada a princípio, mas depois vocês podem começar a ter sonhos, insigths e uma compreensão mais profunda pode emergir de vocês... Isso é a força da arte. Muito obrigada a todos! "

RA



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Nós, o grande experimento genético

Queridos muitos que habitam este mesmo planeta...
Venho despretensiosamente trazer algumas reflexões sobre nosso comportamento e postura diante do mundo em que vivemos.
Nós, este grande experimento genético, precisamos chegar num consenso. Não está bom viver aqui. Existem aglomerações demais. Existem alimentos contaminados demais. Analfabetos demais. Assassinatos e estupros demais. Miséria demais. Doenças demais. Culpa, medo, ódio, desrespeito demais.
Como somos filhos da dualidade, também existe o extremos oposto: a fartura, a alegria, a saúde, o conhecimento...

Mas como é possível ser plenamente feliz sabendo que do seu lado vive alguém em estado miserável? Sabendo que em inúmeras partes do mundo pessoas morrem por falta de saneamento básico? Sabendo que crianças são abusadas de todas as formas todos os dias?

Até mesmo para quem é milionário... eles precisam se preocupar tanto com segurança... vivem com tanto medo de assaltos e sequestros... vivem com tanto medo de perder sua riqueza... e quando estes milionários se tornaram ricos por roubo e corrupção é pior ainda, pois vivem com medo de serem descobertos! Ou seja, também não é bom! Viver assim não faz sentido!

Pessoas da Terra: vocês têm medo de perder o quê? Apenas com uma doença grave, a morte de um filho querido, uma grande catástrofe que lhes atinge diretamente... apenas assim vocês despertarão para valores mais profundos da vida?

Não seria maravilhoso se todos tivéssemos oportunidade de estudo? Se todos tivéssemos moradia? Se todos tivéssemos alimento para o corpo, para a mente e para a alma?

Chega da relação de tiranos e escravos. Dá trabalho demais manter escravos. Isso é cafona. É antigo. Também não faz mais sentido aceitar a condição de escravo. Porque tanta menos valia? Porque se conformar com a miséria? E assim vivemos nesta tensão. Os tiranos dominantes sempre preocupados e com medo que aconteça uma revolução. E mais cedo ou mais tarde a revolução acaba acontecendo.

Rosa Antuña

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O Vestido e debate em Joinville

foto: Diego Redel

Quando a luz se apagou eu não sabia o que esperar da plateia... então vieram os aplausos. Então senti alívio. Uma alegria plena. Consegui. O Vestido nasceu.

Agradeci e então Cecília Kerche subiu ao palco e me disse palavras muito especiais, que ficaram no meu coração. Muito obrigada Cecília, por sua bênção, por seu olhar, por seu cuidado.

Fui para o camarim. E então meu amigo querido Robson Lourenço (do tempo em que dancei no Balé da Cidade de São Paulo) chega para falar comigo e cumprimentar e traz com ele alguém muito especial: Iracity Cardoso, diretora do Balé da Cidade de São Paulo. Uma honra e um prazer recebê-la em meu camarim! Espero fazer a estreia de O Vestido em São Paulo, ainda este ano!

A apresentação que fiz foi dentro do Seminário de Dança de Joinville. Logo após iniciou-se um debate com Luiz Arieta, Rui Moreira e Antônio Nóbrega. Mais ao final do debate me convidaram para participar também.

Respondi a algumas perguntas de pessoas da plateia. Foi muito bom!!!

foto: Diego Redel

foto: Duda Las Casas



O VESTIDO pre estreia em Joinville

Fui para o Rio dia 16 de julho, terça, dei uma Oficina de ARTE-INTEGRADA dia 17, quarta, às 13:00hs na CAIXA CULTURAL (uma turma de alunos super querida!), quinta dancei com a Cia Mário Nascimento o espetáculo ESCAPADA (também na CAIXA CULTURAL), sexta e sábado fizemos TERRITÓRIO NU.

Domingo eu, Mário e Duda pegamos um vôo para Joinville. Mega turbulência próximo a Curitiba! Agarrei o senhor que estava de um lado e o rapaz que estava do outro! Eles fingiram que não estavam com medo (mas sei que estavam! rsrs). Chamei todos os seres de luz que conheço desde Pai Benedito de Aruanda até arcanjo Miguel, passando por Baba Muktananda! rsrsrsr.. falei todos os mantras que conheço! mas foi quando pedi ajuda a Yansã que o vôo estabilizou.

De Curitiba para Joinville fomos de ônibus especial(que atrasou muito, pois houve um acidente na estrada na hora dele vir, devido à forte neblina). Chegamos quase 23:00hs no hotel.
Dia seguinte quase perdemos o café (eu e Duda, pois Mário começou seu curso de dança contemporânea às 8:00hs da manhã! rs..).
Ricardo foi cuidando da montagem enquanto Mário dava as duas aulas. Estava tudo atrasado. Preferi não pensar nisso, pois precisava me concentrar muito para esta pre-estreia. Eu confio muito nos dois (Ricardo e Mário).
Bem, 15:30hs me chamaram.
Ana Botafogo fez a abertura do Seminário, veio um representante do Boticário(patrocinador do evento) e falou mais um pouco... e finalmente me deram um ok. Esta espera é de matar...rs.

foto: Duda las Casas


O solo fluiu. Pre-estreia. Muita energia. Me senti bem.
Aliás, o palco é o lugar onde melhor me sinto na vida! Parece que ali posso viver no mundo que quero viver. Ali consigo respirar. Ali estou presente. Ali sou verdadeira. Sou honesta. O palco é onde me revelo (até para mim mesma). O palco é o templo que me recarrega e reabastece de luz, de arte, de dança... é minha força de vida, meu pulso vital, meu templo. O palco é um templo. É mágico... é místico... milagres acontecem ali... não apenas para quem está se apresentando, mas milhares são os milagres e bênçãos derramados para quem está na plateia, pronto para transcender a si mesmo, pedindo por luz e libertação. O palco é um templo da ARTE. É um oráculo, é um portal, uma intimidade que derrama sua água entre todos ali presentes... e agradeço ao Universo todos os dias por ter me colocado no palco... por ter me convidado a servir à ARTE... caminho sublime... caminho que transcende os padrões humanos... caminho que nos arrebata... caminho que nos convida a fazer uma escolha... e assim sendo, agradeço à ARTE, ao Universo, ao Palco por me permitirem nesta vida, estes momentos de lucidez quando estou em cena. Obrigada por me permitirem aprender e ensinar desta forma... é realmente, a forma que melhor compreendo. É a forma que com mais clareza me traduzo. E é a forma como realmente me revelo.

RA

foto: Duda Las Casas


Servindo à ARTE

Julho foi um mês corrido. Fomos (Cia Mário Nascimento) para o Rio, numa temporada de duas semanas na CAIXA CULTURAL.
Apresentamos 5 trabalhos diferentes, em comemoração dos 15 anos do grupo: Escapada, Território Nu, escambo, Faladores e Nômade.

Foi difícil, mas superamos todos os obstáculos. Seria tão bom se pudéssemos sempre ter equipes técnicas que colaborassem... que trabalhassem a favor de tudo dar certo... seria tão bom que não tivéssemos que nos preocupar com questões técnicas tão específicas... seria bom que sempre houvesse flexibilidade e bom senso e cooperação nos teatros... infelizmente isso não acontece sempre. Mas a nossa equipe é muito forte. Literalmente. E foram nossos bailarinos que carregaram os 13 blocos de 100 quilos que iriam ser nosso tablado, mas não ficou do tamanho que esperávamos... precisou ser removido... mas por questões burocráticas e inflexibilidade e falta de vontade de cooperar para solucionar um problema... foram os nossos bailarinos que carregaram esses blocos, pois eles têm a força de 100 leões.

O que eu desejo para os teatros do meu país?

Que tenham bons técnicos, que queiram colaborar... que os teatros e centros culturais tenham regras para colaborar com os artistas para que o espetáculo seja maravilhoso, com tudo dando certo... Precisamos de modelos que deram certo. Precisamos de exemplos.

Quando as equipes técnicas são boas, qualificadas e colaboram nós sempre dizemos: nossa! Já montou tudo? Tá pronto? Milagre!!! Pois infelizmente, no Brasil, inúmeras são as vezes onde é dentro dos teatros que enfrentamos nossas maiores dificuldades. Isso cansa, consome... gasta-se uma energia desnecessária... sei que entram muitos fatores aí... de salários, condições para os técnicos... regras estranhas dos teatros... mas se cada um fizer o seu papel, as forças serão somadas. Estaremos honrando a ARTE, estaremos todos servindo à ARTE, este caminho tão importante para o despertar da humanidade...

sábado, 22 de junho de 2013

Por causa da Corrupção Geral...

Um momento crucial na história do Brasil é o que estamos vivendo.
Mas a princípio eu estava inflamada demais... depois confusa demais...
E preferi ler, ver, observar, participar... para depois escrever algo à respeito.

São muitas as reivindicações dos brasileiros. Existem muitas questões práticas e objetivas para se resolver. Podemos fazer uma lista enorme...

Mas o que me deixa perplexa é que nós precisamos fazer essa lista? O governo ainda não sabe? Porque o governo ainda não fez?

Observo que o ponto chave é a corrupção geral. Todos sabem disso.
E por causa da corrupção geral aumentaram aqueles 20 centavos nas passagens (que agora foi revogado); por causa da corrupção geral é a MÁFIA DOS TRANSPORTES quem governa o transporte público no Brasil, permitindo condições sub-humanas para a população dentro dos metrôs e ônibus... por causa da corrupção geral querem a aprovação do PEC 37; por causa da corrupção geral o salário dos políticos e também do setor JUDICIÁRIO (que não comentam muito, mas deve entrar aqui neste bolo também) é de um valor absurdamente elevado; por causa da corrupção geral, a FIFA entra aqui e deita e rola estipulando ordens, regras, taxas... a FIFA NOS EXPLORA ATÉ A ÚLTIMA GOTA, inclusive quando pede trabalho voluntário para a Copa do Mundo (isso é uma afronta). Por causa da corrupção geral que há muito tempo o salário dos professores, médicos e policiais é muito baixo; por causa da corrupção geral há muito tempo faltam hospitais, remédios, escolas, material escolar, saneamento básico... por causa da corrupção geral Renan Calheiros ainda está solto.

Isso tudo é o que vem sendo reivindicado nas manifestações.

E ainda tem a MÁFIA DOS PLANOS DE SAÚDE, que cobram caríssimo e pagam baixíssimo para os médicos, fazendo com que o serviço caia muito a sua qualidade.

Ainda tem o desrespeito com a CULTURA no Brasil e com seus artistas, com projetos de Lei que dificultam muito sua execução e aprovação por tanta burocracia... Faltam mecenas... faltam patrocinadores. Faltam espaços públicos adequados destinados ao treinamento e ensaios de cias profissionais e grupos amadores de Dança, Teatro, Circo, Música... e acredito que o Cinema e as Arttes Plásticas tenham também mais reivindicações... Só tenho ouvido falar sobre esportes.
Tem sido muito difícil também viver como artista, a política cultural desestimula a criação de Cias estáveis, pois o dinheiro dos projetos é instável demais, não conseguimos manter o elenco assim, pois as contas vêm todo mês, impreterivelmente. E o dinheiro os patrocinadores vive atrasando muito. Somos enxotados todo mês de onde estamos ensaiando por incomodar o outro, por não termos condições de pagar o valor dos aluguéis atuais (que estão combinando muito com o salário dos políticos e do Setor Judiciário, de tão exagerados e fora da realidade)... Precisamos de mais teatros também.
E a população PRECISA de mais acesso a todos os tipos de expressão artística e não apenas àquelas mais populares como axé, sertaneja, funk... nada contra, mas é preciso que conheçam música clássica, erudita, jazz, dança contemporânea, ballet clássico, dança flamenca... teatro (não apenas as comédias populares), que conheçam grandes filmes de grandes diretores, mas que também tenham acesso ao que se produz hoje, no Brasil, outras visões do cinema, mesma coisa para as artes plásticas... a população fica sempre muito limitada e restrita a apenas uma grande manifestação artística. Fora quando tudo vira carnaval e nada mais. Então as pessoas brigam e choram por notas mais baixas ou mais altas num resultado de final de um desfile de escola de samba... ou no resultado de uma partida de futebol.
Espero sinceramente poder chorar por isso também algum dia, mas só depois de já terem resolvido todas as outras questões fundamentais (pelas quais choro hoje) para o nosso desenvolvimento cultural e social. Só vou chorar e rir por futebol ou carnaval depois que eu não precisar mais chorar pelas desgraças que vemos nos hospitais.. e por tudo o que já falei aqui.

A ARTE ajuda a pensar. Ajuda a despertar. A arte conscientiza sim. E onde estão os artistas agora? Falem. Gritem também pela cultura. Manifestem-se. Posicionem-se. Nós também temos voz. E nossa voz pode despertar muitas pessoas. Nossa voz pode trazer um grito de liberdade e consciência política. É hora de fazermos bom uso dela.

E merecemos melhores condições também. Respeito. E não migalhas. Que sejamos lúcidos e levemos lucidez às pessoas em todas as partes do Brasil

Rosa Antuña

domingo, 12 de maio de 2013

Um cometa...

Estava indo tudo bem...
até um cometa passar na minha vida.
Estava tudo sob controle.
Estava tudo sob medida...
mas um cometa assim, tão raro
é algo que realmente perturba
pois nos tira do lugar seguro,
agita todas as águas
e os seres das águas então...
caem do mar e na terra perdem o ar.

Estava indo tudo bem...
até um cometa passar na minha vida
e eu, como um ser da água,
 caída na terra, sem fôlego...
busco agora o caminho de volta pro mar...
Queria poder levar este cometa comigo...
mas não tenho a menor ideia
de quando ele passará novamente...

Cometa incandescente...
Estrela do céu...
que me tirou das águas profundas do oceano
e me fez sorrir depois de muito tempo...
E num susto, num grito,
fez com que meus cabelos
dançassem ao vento
enquanto deles brotavam flores...

Estava indo tudo muito bem...
até você me provar a sua existência...
Pois nas águas profundas em que eu vivia
jamais imaginaria te encontrar
cometa raro...
se você não puder vir comigo pro mar
me leva então com você para o céu,
dança comigo e me ensina a voar.

- me busca.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Façamos algo, enquanto estamos vivos

Os teatros são a nossa casa. Onde nos expressamos, onde crescemos, trocamos, construímos, aprendemos. O Teatro é a casa de todos, que acolhe pessoas na plateia e faz aflorar sentimentos, emoções, risos, lágrimas... reflexões... O Teatro é a... casa do pensamento sensível. O Teatro é casa que faz possível a construção de um novo mundo com a ruptura de paradigmas... O Teatro é um templo de Arte, de Saber... A existência e conservação de um Teatro representa a consciência do homem em continuar em busca de crescimento e auto-consciência. Cada Teatro vivo e bem preservado deve ser um orgulho para seu País, para seu Estado , para sua Prefeitura, para cada cidadão.


Por outro lado cada Teatro destruído é uma vergonha para a Prefeitura, para os Governos Estadual e Federal. Fechar um Teatro representa um retrocesso no pensamento e na Cultura de um País. É sim, um ato de violência. É sim, uma afronta. O Teatro Klauss Vianna é nosso, dos artistas, do público, de cada ser lúcido que ainda vive em nossa sociedade. E com qual direito o Teatro Klauss Vianna irá acabar? Para virar o Tribunal de Justiça do Estado? E precisa acabar com Teatro, na entrada do prédio por isso?

Um Teatro fechado é um ato de repressão. Para quem trabalha o Governo? Para quem trabalha a Prefeitura?

Pois como cidadã brasileira, mineira, de Belo Horizonte e artista, quero fazer algo para impedir que o Teatro Klauss Vianna seja fechado. Não consigo aceitar isso calada. Um Teatro fechado é uma nação morta. Morta em conhecimento, entendimento de cultura. Nação morta em seu poder de ação e escolha.

Somos nós quem construímos a nossa história, não eles.

Façamos algo já. Drástico.

Enquanto estamos vivos, porque o que eles querem é que estejamos mortos.

Rosa Antuña

A Sagração da Primavera - Pina Bausch

Vexame na Cultura em BELO HORIZONTE!!!!!!!!!

VIDA LONGA AO TEATRO KLAUSS VIANNA!!!!!


Havia em Belo Horizonte o teatro Municipal... na Rua da Bahia, lá embaixo, com Rua Goiás... então destruíram o Teatro Municipal e construíram o Cinema Metróle... então o Bradesco veio e acabou com o Cinema Metrópole e virou o Bradesco... em contrapartida... o Bradesco financiou a construção de um Teatro maravilhoso, num prédio do Estado, no alto da Av Afonso... Pena... na época era o prédio da Telemig... então virou Oi. E o teatro virou nosso querido Teatro Oi Futuro Klauss Vianna... E agora o que vai acontecer se não fizermos nada? O prédio será transformado no TJ e destruirão o Teatro Klauss Vianna. A falta de noção continua viva no Estado de Minas Gerais. Uma vergonha pública.

Reformaram o Mineirão para a copa... e porque mesmo vão destruir um Teatro tão bom, que está sempre com a casa lotada?

Queremos que o Teatro Klauss Vianna se mantenha íntegro.

Mais que isso: respeitem a arte, a cultura, os artistas e os teatros de Minas Gerais.

Rosa Antuña

terça-feira, 7 de maio de 2013

Arieta

Acabo de ver Luis Arieta em cena, como convidado, no espetáculo do Balé Jovem do Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

Isso foi suficiente para que eu compreendesse muita coisa sobre Dança e Arte.
Compreendi o que é a constância. O que é uma escolha de vida.
O que é a grandeza do simples.
O que é a arte e a calma do gesto.
O que é um movimento pleno de sentido e significado...

Senti o poder da Dança, que escolhe alguns para manifestá-la em seus corpos por toda a vida.
Senti o poder da Dança que nos mantém vivos e nobres.
Nobres bailarinos, artistas do traço, que desenham com seus corpos texturas no espaço, recheadas por sentimentos, emoções, intenções... sensações.

Sensação de segurança foi o que tive ao vê-lo em cena.
Sensação de que sim... nossa carreira pode ser muito longa e sólida e digna.

E vê-lo dançar foi para mim um presente.
Vê-lo dançar foi, sem dúvida, uma inspiração.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

saudade

hum... Ai que saudades tenho da Bahia...

VIVADANÇA!

O Festival Internacional VIVADANÇA teve seu encerramento ontem e foi um sucesso aqui em BH.
Tem crescido a cada ano e promovido um lindo intercâmbio cultural na área da dança. Começou em Salvador e se expandiu também para outras cidades e estados do País.

Fico particularmente muito feliz quando vejo eventos assim ganhando cada vez mais espaço, conquistando e formando público, fomentando discussões positivas para o crescimento dos profissionais e estudantes da área...

Festivais assim ajudam a endossar a importância da dança dentro da cultura e da formação de um indivíduo. Ajudam a fortalecer a posição do profissional de dança no Brasil, trazendo à tona a responsabilidade da dança como agente transformador através do olhar sensível do ser humano.

Vida longa para o festival VIVADANÇA!
 Que cresça mais e mais!!!



segunda-feira, 29 de abril de 2013

29 de abril - DIA INTERNACIONAL DA DANÇA!

29 de abril - Dia Internacional da Dança!

10:00hs - apitaço em frente à câmara
14:00hs - apitaço na Praça da Liberdade
18:00hs - apitaço na Praça da Estação e Jam Session

Venham com seus figurinos, roupas de tango, salsa, flamenco, dança do ventre, tutus, túnicas, ou venham com roupas de ensaio, de cóqui, trança, cabelo solto, venham de sapatilhas, pontas, saltos, tênis, coturnos ou descalços... mas venham!
Tragam aquelas bolsas enormes de bailarinos que ficam o dia todo fora de casa e carregam o mundo nas costas! Ou venham sem nada, sem documento algum... mas venham!!

Precisamos de todos. A hora é agora.

Que venham bailarinos, pensadores, professores, coreógrafos, estudantes, profissionais ou amadores, venham também os admiradores! Venham os patrocinadores!
Venha quem dança só porque gosta e venha quem dança porque precisa...

Venham todos! A hora é agora.

Somos muitos e isso precisa ser visto. Estamos aqui. Sabemos quem somos, o que fazemos e o que merecemos. É hora de nos unirmos em prol da conquista de leis mais justas para quem vive de dança. Mas para isso, precisamos do apoio de todos para que possamos continuar dançando para vocês... para que possamos continuar ensinando as pessoas a dançarem livres!

A Dança é a Arte do Sublime e ao mesmo tempo é a Arte da Terra. É a Arte da conexão entre corpo, sentimento, espírito, mente... A dança agrega, a dança une as pessoas. A dança atua no desenvolvimento do ser humano e por isso ela é algo fundamental para o crescimento cultural e sensível de um povo. A dança humaniza as pessoas. Em tempos de tanta violência e loucura, não seria a dança um caminho para o equilíbrio do ser? Um caminho para despertar o amor, a alegria, a doçura?

Minha religião é a Dança. Meu partido é a Dança.
E é para que ela possa se manifestar cada vez mais que convido a todos para virem dançar conosco no dia 29 de abril DIA INTERNACIONAL DA DANÇA!

Filmem, fotografem, escrevam sobre isso, registrem, postem no youtube, vimeo, facebook e blogs, jornalistas, nos apoiem! Precisamos de apoio!!!

Que haja dança em nossas vidas!


Rosa Antuña

foto: Jorge Etecheber do solo Mulher Selvagem

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dança - renovação já

Participei no sábado da primeira reunião do Forum de Dança de Minas Gerais. Foi na Escola do Corpo. 30 pessoas estavam presentes e isso foi muito bom.
Muitas questões discutidas... muitas reflexões...e o que percebo:

- precisamos de profissionais tecnicamente qualificados para nos representarem politicamente
- precisamos de profissionais tecnicamente qualificados para nos orientarem quanto às medidas que devemos tomar em busca das questões que precisamos solucionar.

Nós somos bailarinos, professores, coreógrafos... mas precisamos entender de direito, ciência política, economia... e sinto que como ainda não temos experiência e qualificação, muitas vezes damos algumas voltas até chegar em um ponto relevante para a solução de um problema.

Sinto falta que mais pessoas cooperem conosco, com a classe da dança. Pessoas que entendam como funciona nosso sistema político. Pessoas que conheçam os melindres das nossas leis, mas também que sejam pessoas apaixonadas por dança e que realmente vejam a dignidade do profissional de dança e o ajude de verdade a encontrar outros caminhos pra resolver seus obstáculos.

Nós, profissionais de dança PRECISAMOS estudar mais e pesquisar mais para aprender sobre nosso sistema político. E PRECISAMOS que profissionais que já sejam qualificados para isso se aproximem. Venham às nossas reuniões. Precisamos de boas ideias e de soluções! Problemas já existem muitos, as queixas, já sabemos quais são.

É urgente que o pensamento se renove sobre o que é dança como produção de conhecimento. Percebo que pessoas que ocupam cargos de poder e liderança que poderiam abrir portas para uma verdadeira melhoria legislativa e cultural para o profissonal de dança, muitas vezes não entendem absolutamente nada de dança. E o pior, além de não entender, não respeitam o profissional de dança. E isso acontece em diversos setores. Infelizmente a dança ainda é vista pela maioria política e empresarial como mero entretenimento banal e dispensável.

Precisamos encontrar caminhos para mudar esse padrão arcaico de pensamento. E poderemos mudar isso, a partir de nossas discussões, reflexões, reuniões... e precisamos de pessoas de diversas áreas para que nossa construção de pensamento fundamente-se em uma maneira globalizada de pensar. Precisamos ensinar a quem não sabe a importância da dança na cultura e na formação de um indivíduo. Dança como produção de conhecimento. E não apenas como entretenimento.

Convido a todos que lerem este texto a refletirem sobre isso e a escreverem aqui seus comentários e pensamentos. Compartilhem. É urgente.
A Associação Dança Minas e o Forum Permanente de Dança precisam da participação de todos. É muito trabalho e somos nós que iremos transformar isso, a partir de nossas ações de agora. Façamos já.

Estamos juntos.

Rosa Antuña

segunda-feira, 8 de abril de 2013

ESTREIA de NÔMADE!

Estreia é sempre estreia...
Na véspera, dia 3 de abril, eu estava com um frio na barriga que não passava!

Mas quando chega o dia, quando entro no teatro já me sinto melhor. Passamos o som, a luz, Mário fez alguns últimos ajustes conosco... e quando vimos, já era hora de maquiar e colocar o figurino para entrar em cena! Ai!!! Adrenalina total!!!

Demos as mãos, como sempre fazemos, nos concentramos, nos conectamos e pronto! Fomos para a frente do teatro, pois neste trabalho entramos pela plateia.

 O espetáculo fluiu... a plateia em silêncio absoluto... Os novos integrantes do grupo (Gustavo, Marcella e Alicia) se sairam muitíssimo bem!

Deu tudo certo! Com a luz, som...

E de repente... fim. Aplausos.
Ficamos muito emocionados...

Mário agradeceu a todos, a Belo Horizonte... ele estava realmente comovido. 15 anos de Cia MN... e houve momentos muito difíceis onde chegamos a pensar que o grupo não resistiria... mas resistiu. Com dinheiro ou sem dinheiro, fazendo chuva ou sol, com lugar pra ensaiar ou sem lugar pra ensaiar, com crise ou sem crise... sempre uma força nos moveu pra frente.

E o Mário colocou a vida dele nisso. E seguiu em frente e quem quisesse que o acompanhasse. E foi por isso que chegamos aqui. E encontramos muitos parceiros no caminho que nos ajudaram, que nos estimularam, que nos apoiaram e orientaram. E foi por isso que chegamos aqui. E tivemos muitos obstáculos que nos fortaleceram. E foi por isso que chegamos aqui. E tivemos muita luz e inspiração. E foi por isso que chegamos aqui.

Bem! E agora é hora de comemorar com os amigos, familiares, colegas e pessoas queridas!
Viva os 15 anos da Cia Mário Nascimento!!!











sábado, 23 de março de 2013

Montagem Nômade...

E continua a montagem de Nômade. (ontem fui dormir às 22:30hs!!! É muito cedo pramim!!! Cansaço!rs)
Está tudo quase finalizado. Esta é a parte que mais gosto em qualquer montagem... a hora onde as peças vão se encaixando... o quebra-cabeças começa a ser concluído... algo que parecia vir no início, vai para o final... outra parte que era longa demais, é dividida em vários trechos ao longo do espetáculo... a música que parecia ser para um solo, vai para um duo... e então vários momentos mágicos ocorrem... ficamos arrepiados várias vezes... é lindo demais... é especial demais... só quem já passou por isso sabe do que estou falando... parece que o trabalho tem vida própria e nós o vamos captando... Mário sabe quando é ou quando não é determinada cena. Enquanto algo não está bem ele fica irritado. Fica buscando o caminho. E de repente... plim!

Hoje trabalhamos das 9:00hs às 13:00hs. Rendeu demais.
Esse elenco está coeso. Todos muito afinados.
Coração aberto e alma pura, sorriso sincero, olho que olha... que mais precisa?

foto: Léo Drumond

*depois do ensaio Mário ainda foi para Viçosa... tem estréia do Grupo Êxtase, nosso parceiro há muitos anos. Esta é a quinta montagem do Mário para o grupo e eu já fiz 3 trabalhos para eles...
Nesta estréia são coreografias do Mário, Fernando Martins e Paulo Chamone. Sucesso!!!

sábado, 16 de março de 2013

Entrevista para o Centro Cultural Virtual

Confira no link :
http://www.centroculturalvirtual.com.br/conteudo/rosa-antuna-entrevista

Artigos


Rosa Antuña - Entrevista

Rosa Antuña é bailarina intérprete, coreógrafa e diretora. A formação no clássico começou cedo, aos seis anos, e durante a trajetória fez cursos no Brasil, em Cuba e na Alemanha. Dançou no Primeiro Ato, na Mimulus e no Balé da Cidade de São Paulo. Uma série de contusões a fez a se afastar da dança em alguns períodos – ainda assim não abandonou a carreira artística, fez canto, teatro, deu aulas. Até que começou a trabalhar com a Cia Mário Nascimento, com a qual já tinha dançado no espetáculo Escambo. Nessa nova fase, como professora, ensaiadora e assistente de direção e de coreografia, foi voltando a dançar em seu tempo e ritmo, e que desaguou em Faladores, premiado espetáculo da Cia e da bailarina. Atualmente, continua fazendo cursos de teatro esporadicamente, estuda canto, coreografa, ministra aulas de Arte-Integrada, e tem carreira solo – os espetáculos Mulher Selvagem, em que alia a dança ao teatro e O Vestido.

O Vestido foto: Duda Las Casas

O Brasil possui um elenco talentoso de bailarinos experientes, que integram ou integraram companhias de dança em várias partes do país. O Centro Cultural Virtual abre espaço para que esses artistas possam contar suas trajetórias e como veem a dança. Ao longo do ano serão publicadas várias entrevistas com bailarinos e bailarinas de diferentes regiões. Rosa Antuña conversou com o Centro Cultural Virtual Seráquê por email e fala sobre sua formação, revê sua trajetória, diz o que pensa sobre a dança, seus objetivos, seus projetos e muito mais.

É o que você confere aqui nesta entrevista exclusiva.


1ª Quando aconteceu, pela primeira vez, seu interesse pela dança?
Aos 6 anos, do nada, quando pedi à minha mãe pra eu voltar pro ballet (comecei aos 4 anos, mas achei que aquilo não era ballet e pedi pra sair. rsrs)

2ª Fale um pouco sobre sua trajetória.
Minha trajetória não foi fácil. Sempre cheia de altos e baixos. Mas sem dúvida, isso me fortaleceu.
Comecei como bailarina clássica. Sempre tive muitas lesões. Praticamente passei a vida fazendo fisioterapia, paralelamente ao ballet.
Estudei no Centro Mineiro, em BH, de Maria Clara Salles, que considero minha primeira mestra. Estudei em Cuba, no Centro Pro Danza e na Palucca Schule Dresden, na Alemanha.
Tive a sorte de ter tido grandes professores, como Mercedes Beltran, Laura Alonzo, Ofélia González, Graça Salles, Hans Tappendorff... Dancei muito repertório clássico, ganhei concursos...
Quando cheguei da Alemanha trabalhei no Grupo Primeiro ATO, depois voltei pro ballet clássico com Maria Clara... e em 2000 rompi o ligamento do joelho fazendo audição para o Grupo Corpo.
Foi quando tudo mudou. Foi muito difícil, pensei que não voltaria mais a dançar. Não fiz cirurgia. Tratei com Andrea Mourão, que me acompanha como fisioterapeuta desde que eu tinha 14 anos. Parei de dançar por um ano, dei aulas de ballet para crianças carentes, toquei maracatu, cantei côco, fui cuidar mais do meu espírito, meditar e tive muitos "anjos" que me ajudaram e continuam ajudando... e dali um ano Jomar Mesquita me convidou para substituir Juliana Macedo (que havia saído por um período), sua parceira na Mimulus. Fui e foi ótimo. Fiquei um ano, dancei bastante, recuperei minha confiança e saí. Sou muito grata a Mimulus, por terem me colocado no palco de novo.
A dança contemporânea começou a me chamar e fiz minha primeira coreografia para o CEFAR (escola de dança do Palácio das Artes). Foi quando conheci Mário Nascimento(2003) que me convidou para seu projeto ESCAMBO, com Prêmio do Itau Cultural. Foi ali o início de uma parceria de vida. Ele adaptou tudo o que eu precisava fazer em cena, pois eu tinha restrições por causa do joelho e da minha estrutura física que era bem frágil. E com isso, encontramos um caminho onde eu conseguia dançar.
E foi por causa de ESCAMBO que fui convidada, em 2005, para ir para o Balé da Cidade de São Paulo. A direção era de Mônica Mion, que foi maravilhosa! Fiz grandes amigos lá. Fiquei por um ano e meio, até machucar meu joelho de novo (numa aula de ballet...). Decidi voltar para BH e fazer a cirurgia. Eu sabia que minha recuperação seria complicada e por isso preferi pedir demissão.
Foram dois anos para me recuperar, fiquei muito deprimida (por 6 meses sonhava todas as noites que estava dançando). Foi um período escuro na minha vida. Por isso, para me manter sã, comecei a estudar pintura, canto e fiz dois períodos na faculdade de teatro UFMG (o que foi enriquecedor para minha carreira). Também fui chamada para dirigir um grande trabalho no CEFAR - Para os Filhos da Terra, dos Filhos das Estrelas (com todos os alunos da dança: 120, desde 6 anos de idade, até os formandos). Isso me manteve ocupada e produtiva. Coreografava sem poder mostrar nada. Aprendi a visualizar os movimentos sem precisar fazê-los. Aprendi a descobrir o movimento nos corpos dos bailarinos, como um escultor que enxerga a forma pronta num tronco de árvore.
Eu tinha certeza que não dançaria mais e já estava resignada. Era difícil conviver diariamente com bailarinos que dançavam livremente. Por um tempo isso me doía muito, mas fui aprendendo a ser útil como podia.
Então, trabalhando com a Cia Mário Nascimento como professora, ensaiadora e assistente de direção e de coreografia, fui voltando a dançar bem devagar e no meu ritmo... até vir Faladores (agosto 2008).
Daí para frente foi uma nova fase artística. Foi ali que comecei a dançar realmente. E até hoje continuo fazendo cursos de teatro quando tenho tempo ( com Yara de Novaes, Roberta Carreri...), estudo canto, coreografo, tenho minha carreira solo, dou aula de Arte-Integrada... e vejo que tudo o que me aconteceu fez parte do meu treinamento para que eu soubesse porque estar em cena. Para que eu descobrisse o valor de estar no palco. Para que eu sentisse uma verdadeira gratidão por ser artista e saber que a Arte permite a seus artistas vários caminhos. E Mário Nascimento foi meu grande parceiro e incentivador. Ele não me deixou desistir em vários momentos onde eu havia deixado de acreditar. A ele eu agradeço do fundo do meu coração e da minha Alma.


3ª Que experiência foi a mais transformadora em sua trajetória?
Ter estudado em Cuba foi a experiência mais transformadora em minha trajetória. Eu tinha 18 anos e foi fundamental para a minha formação não apenas como bailarina, mas também como pessoa. Em Cuba eu aprendi a lutar. Aprendi a parar de reclamar. Aprendi a ter foco. Aprendi a aproveitar as oportunidades. Aprendi a dar valor ao que é essencial. Aprendi a ter paciência. Aprendi que esforço, treinamento e dedicação, trazem sim, um bom resultado. E o mais importante: aprendi o que é solidariedade.
Tive outras experiências transformadoras que foram : ter estudado em Dresden, na Alemanha, Ter dançado no Ballet da Cidade de São Paulo e ter feito ano passado o Palco Giratório do SESC, com a Cia Mário Nascimento.


4ª Quais são os objetivos profissionais a médio prazo, e como pretende atingí-los?
A médio prazo farei a estreia e circulação de meu novo solo autoral " O Vestido". Também farei a circulação com meu outro solo (que teve sua estreia em 2010) Mulher Selvagem. Estou dirigindo um novo trabalho para Jacqueline Gimenes, Christiane Antuña e Cris Oliveira (ainda está bem no início). Todos estes serão através de projetos de Lei de Incentivo a Cultura e editais de Festivais. Preciso encontrar uma empresa que me apoie numa parceria constante.
Fui convidada por duas atrizes de Brasília para dirigi-las num projeto lindo e delicado, com estreia no segundo semestre e fui convidada também para criar uma coreografia para a Cia de Dança Mitzi Marzzuti (Vitória) ainda para este semestre. Com a Cia Mário Nascimento farei a estreia de Nômade agora de 4 a 7 de abril em Belo Horizonte, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna e então circularemos pelo país, com o patrocínio da Petrobras.

5ª O que sonha para o profissional de dança no Brasil?
Eu quero que o profissional de dança no Brasil seja um realizador que rompe fronteiras. Eu quero que o profissional de dança no Brasil ouse, mude, seja corajoso e inovador. Quero que este profissional mova mundos. Quero que este profissional de dança expresse suas propostas com ousadia, clareza, criatividade e originalidade. Quero que este profissional acredite em si mesmo e em sua capacidade de ir além. Quero que todos se nivelem por cima, quero que os profissionais de dança no Brasil sejam uma referência no mundo por sua técnica, por seu swing, por seu pensamento crítico, por seu caminho inusitado e autoral, por sua competência. Eu quero que os profissionais de dança no Brasil sejam respeitados e reconhecidos no mundo, a começar por seu próprio país. Quero então que este reconhecimento comece por leis que facilitem a realização dos trabalhos. Quero que existam mecenas que deem dinheiro para os grupos e artistas da dança realizarem seus espetáculos, tournées e oficinas. Quero que todos tenhamos sede própria, subsidiada pelo governo. Quero que nós, profissionais da dança tenhamos condições financeiras para vivermos do nosso trabalho com a dança. Quero que o Brasil nos veja como seres fundamentais para o desenvolvimento cultural do país. E para isso, nós, profissionais da dança, devemos saber o quanto valemos. E o quanto é digno e fundamental nosso trabalho. E o apoio que queremos é justo e não um favor que fazem por nós. Que os patrocinadores tenham orgulho de patrocinar a dança. E que nós tenhamos dignidade para nos defender e lutar para termos direitos e apoios, sem burocratizar a Arte da Dança. Que sejamos respeitados como Artistas, a começar por nós mesmos.


6ª Como vc define a arte da dança?
A Arte da Dança... difícil definir... A dança conduz quem a pratica para estados sensoriais, emocionais, psicológicos, espirituais... a dança é a própria ponte que conduz aquele que dança às esferas mais sublimes em diversos níveis humanos e espirituais. A dança liberta o corpo, desbloqueia chakras e couraças emocionais. A dança integra grupos, pessoas... A Arte da Dança propõe novas formas de ver o mundo e de se "movimentar " no mundo. A dança nos faz romper as nossas próprias fronteiras. Propõe olhares mais sensíveis.
Para mim, a dança é a Arte do Sublime.


7ª Qual a importância da arte para a humanidade?
A Arte faz a humanidade caminhar, crescer, evoluir. A Arte ajuda a refletirmos sobre nós mesmos, ajuda a romper paradigmas, romper padrões de comportamento... A Arte nos ajuda a pensar, a sentir, a questionar. Ajuda a sair do nosso lugar confortável. A Arte nos leva para dentro de nós mesmos e nos ensina a nos conectarmos com o sublime.
E é ela, a arte, que nos revela em que ponto estamos em nosso entendimento humano, social, emocional e filosófico e assim, nos oferece a ponte (que cabe a nós atravessarmos ou não) para um nível mais profundo de consciência, discernimento e lucidez.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Neste carnaval... NÔMADE

Eu queria muito ter me fantasiado de SHE-RA nesse carnaval que passou... em memória dos velhos tempos onde eu era a Mulher Maravilha...

Mas realmente não consegui entrar no clima... e olha que o carnaval de BH bombou! Quem gosta de blocos pôde se divertir muito! Pessoal fantasiado, se divertindo, famílias, crianças, um clima de alegria... lindo!

Mas não consegui entrar no clima... ainda estava me recuperando da temporada... além disso, fiquei estudando bossanova pro meu próximo trabalho... coreografarei a Cia de Dança Mitzzi Marzzuti, em Vitória...

Mas acabou que na segunda-feira de carnaval me fantasiei sim... eu e meus amigos da Cia Mário Nascimento. Nos fantasiamos de nômades! Fizemos um ensaio fotográfico para material de divulgação, com Léo Drumond, que arrasou!
É... todo mundo trabalhando no carnaval!!! rsrsrsrs... mas sinto que valeu à pena:

foto: Léo Drumond

foto: Léo Drumond

foto: Léo Drumond

foto: Léo Drumond