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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

2 Poesias

“Por mim mesma já me basto” - 25/12/08
Pinto.
Escrevo.
Canto.
Toco.
Coreografo.
Medito.
Leio.
Analiso.
Reflito.
Auxilio.
Estudo.
Crio.
Cuido.
Ensaio.
Assisto.
Atuo.
Ensino.
Aprendo.
Troco.
Registro.
Improviso.
Limpo.
Arrumo.
Guardo.
Dobro.
Ouço.
Almoço.
Janto.
Durmo.
Gargalho.
Danço.
Arrisco.
Ouso.
Silencio.
Piro.
Relaxo.
Suporto.
Espalho.
Finjo.
Choro.
Grito.
Observo.
Latejo.
Invejo.
Reflito.
Espero.
Ataco.

Rosa .



"Rio de janeiro" - 31/12/08

A Babilônia é aqui.
Gritos e algazarra.
Velhos e moços.
Gargalhadas debochadas.
Reis e rainhas.
Mendigos e príncipes.
Bandidos, pivetes.
Há bandos...
Todos os tipos de bandos...
Bandos que dão medo...
Bandos ridículos.

A música colore o ar.
E como há música!
Funck proibidão,
aliás, proibidaço!
Funck da celulite,
do pau no cu
e do arregaço!
Funck do avesso,
do estilhaço.
Funck amedrontado,
pondo pra fora
a pureza da língua
PORTUGUESA
tão escrota,
falsa, boquiaberta,
tão fingida, tão fodida,
língua maldita,
controversa.
Língua emprestada.
Língua arrancada.
Língua mal criada.
Naufragada
Nau fedida.
Língua da mortalha,
imposta na cara
e na cratera.
Quimera.
Que merda é essa?
Que bosta imposta?
Imposto a troco de nada!
Língua premiada...

E muito axé, pagode e pessoas.

Muitas pessoas.
Toneladas de pessoas.
Pessoas, padres, pastores
e empresários.
Coloridas como o céu azul.
Coloridas como o mar azul.
E as milhares de pessoas
Caminhando pra lugar algum
Vindo afoitas de lugar nenhum.
Caminham na mesma calçada.
Se olham.
Se desejam.
Se detestam.
Não se percebem, nem se vêem...
Mas se olham.
Gente de todas as cores.
De todos os lugares do planeta.
Cada encontro é um encontro inteiro.
É um encontro sinceramente fortuito...
... com preços a combinar.
É a cidade que decide quem é de quem,
na verdade ninguém é de ningém!

Artistas, plebeus
Favelados estrelas
Pretos brancos
Pretos ex-pretos
Brancos obscuros
Mulatas preferidas
Travestis, prostitutas.
Muitas prostitutas
Que mal se diferem das outras
Que não se entitulam...
É a vida que leva as mulheres pra vida.
Rede Globo.
Repórteres.
Glamour.
Status.
Há alguéns que são ninguéns.
Ninguéns que se tornam alguéns...
Conhecer alguém famoso pode ser importante...
... pra quem?

Rio relativo.
Rio reativo.
Rio musical.
Rio carnaval.
Tiroteio
Batida
Rio sobrevivência.
Sem roupa, sem camisa,
sem sapato, sem saída.
Rio alto-astral.
Rio da calcinha enfiada
Da noitada, da balada,
do salto-alto.
Rio da vida afiada
do asfalto, do sobressalto.
Rio da conversa fiada
Rio do assalto.
Rio dos amigos de butecos das esquinas
das bocas inimigos
de polícia, de bandidos
de políticos, de palhaços
de maridos...
Rio de gargalhada.
Rio dos gringos das putas dos dólares
dos putos filhos da puta.

Filhos de todas as putas
Somos todos.
Fomos todos.
Enquanto o Cristo
Olha por nós
Zela por nós
Reza por nós
E nós...
Tiramos a roupa
Mostramos nossas bundas
E nossos paus
E nos metemos
E nós metemos
Os pés pelas mãos
Lésbicas, héteros e viados.
Nós, filhos do Cristo,
Nós, filhos das putas...
Nos masturbamos em público.
Nos matamos em público.
Deliramos em público...
e vamos ao cinema.
E vemos os artistas que
queríamos ser
nas novelas...

Eu rio da abundância,
da discórdia e da ganância.
Rio da prosperidade!
Rio da maravilha.
Rio da celebridade.
Rio do samba.
Eu rio pra caralho!
Eu rio e eu me espalho!
Eu rio do Rio.
Rio desse Rio atravessado!

Rosa Antuña.

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