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quarta-feira, 6 de junho de 2012

ARTE-INTEGRADA como surgiu


A Oficina de Arte-Integrada surgiu da minha pesquisa com diversas linguagens cênicas.

 Estudei ballet clássico desde os 6 anos de idade. Me formei pela Royal Academy, um método inglês, no Centro Mineiro de Danças Clássicas, em Belo Horizonte. Em 96, aos 18 anos, estudei no Centro Pro-Danza de Cuba por 3 meses e em seguida fui estudar na Palucca Schule Dresden, na Alemanha, onde fiquei de setembro de 96 a abril de 98. Dancei inúmeros trabalhos do repertório clássico e sempre me saía melhor em papéis que exigiam maior atuação e dramaticidade. A dança fez com que eu me desenvolvesse como atriz. Tive a sorte de ter tido grandes professores como Maria Clara Salles, Graça Salles, Mercedes Beltran, Ofélia Gonzalez, Laura Alonso e Hans Tappendorff, que além da técnica, me mostravam o quanto era importante ser artista, o quanto era importante tocar a platéia, conquistar o público. Os ballets de repertório têm toda uma dramaturgia. E me lembro bem quando fiz Cinderela, ou Anastácia, em Ivan ,O Terrível, ou Nikya, em La Bayadere, o quanto estudei as personagens que eu representava. Procurava sentir cada gesto, encontrar um sentido para cada olhar. Eu buscava um perfil psicológico para elas. E isso, foi através da dança que pude desenvolver. Até aí, entre meus 16 e 18 anos, havia feito também oficina de Teatro com Ivan Feijó e de Dança-Teatro com Wagner Carvalho e  também com Regina Advento, que já trabalhava na Pina Bausch nessa época. É claro que quando descobri Pina, um mundo novo se abriu para mim.

Voltei da Alemanha (onde cheguei a trabalhar em Chemnitz e em Dessau, como free lancer e estagiária) e fui trabalhar no Grupo de Dança 1 ATO, em Belo Horizonte, que trabalha com dança-teatro. Lá percebi o quanto eu cantava mal (por causa de uma cena que eu tinha que fazer) e comecei a estudar canto popular na Babaya Escola de música. Eu era a pior aluna da sala. Após um ano e meio no 1 ATO saí e participei da opereta A Viúva Alegre, dançando com a Cia de Dança do Palácio das Artes. Foi nessa época que entrei para o Maracatu Trovão das Minas, dirigido pelo Lênis Rino e fiquei no baque por dois anos e ainda cantei num grupo de côco também: Pé de Saia e o Menino.

Em outubro de 2000, ao fazer audição para o Grupo Corpo, rompi o ligamento cruzado anterior do joelho. Já estava entre as 10 finalistas, mas tudo acabou ali. Não fiz cirurgia. Muita fisioterapia. Comecei a dar aulas de dança em projetos sociais e a desenvolver a Dança da Alma, que tem um cunho terapêutico, para harmonização do ser. Em 2002 ingressei na Mimulus Cia de Dança de Salão, onde em seus espetáculos havia também muita atuação cênica onde eu podia me desenvolver. Fiquei um ano com eles e após ir à Bienal de Dança de Lyon, na França, deixei o grupo.

Em 2003, aos 25 anos, comecei a coreografar na Escola de Dança do Palácio das Artes (CEFAR), onde fiz muitas coreografias até 2008.
Foi em 2003 que estreei meu primeiro solo, La Luna e conheci Mário Nascimento no CEFAR. Ele me convidou para trabalhar com ele e foi ali que começou uma parceria que dura até hoje, 9 anos depois. Em ESCAMBO (projeto Rumos Dança Itau Cultural 2004), primeiro trabalho em que fui dirigida por ele, toquei alfaia, cantei um repente que eu mesma compus, falei em cena, dancei... E foi ali, com Mário Nascimento, minha primeira experiência cênica com o que hoje chamo de Arte-Integrada.

Após um ano e meio com a Cia Mário Nascimento, fui convidada para ingressar no Balé da Cidade de São Paulo. Dancei trabalhos de outros coreógrafos, mas justo quando eu estava lá, Mário Nascimento foi convidado a coreografar. E estive no elenco de Onde Está o Norte? e de Constanze, de sua autoria. Também fiquei por um ano e meio, quando machuquei meu joelho novamente e decidi voltar para Belo Horizonte e fazer a cirurgia.

Em agosto de 2006 fiz a cirurgia do joelho e enquanto me recuperava comecei a dar aulas na Cia MN e trabalhar como assistente de direção e de coreografia. Ali comecei experimentos da aula de Arte-Integrada. Minha recuperação foi muito difícil e por ter tido dúvidas se eu voltaria a dançar, estudei pintura por 3 meses com Patrícia Leite, na Guignard e entrei para a Faculdade de Teatro na UFMG. Fiz apenas dois períodos e abandonei o curso devido aos compromissos com Faladores, de Mário Nascimento, que estreou em agosto de 2008. Para a montagem de Faladores comecei a estudar canto com Bárbara Penido, com quem estudo até hoje.

Foi na UFMG que conheci Mariana Muniz e fiz com ela o treinamento do Match de Improvisação Teatral. Depois fiz cursos com Omar Medina e José Luís Saldanha do México e Omar Galvan, da Argentina, não apenas de Match, mas também de relações dramáticas na improvisação. Fiz parte da primeira turma da imersão com Eugênio Barba e Júlia Varley em Brasília. Participei de alguns treinamentos de palhaço com o Grupo Trampulim. Fiz workshop com Yara de Novaes no Galpão Cine-Horto, em Belo Horizonte.

Paralelamente coreografei 3 trabalhos para o Grupo Êxtase, de Viçosa, MG. Integrei os novos trabalhos Escapada e Território Nu, da Cia Mário Nascimento, onde canto, atuo, escrevo e danço. E em 2010 estreei meu solo Mulher Selvagem, inspirado no livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pínkola Estés. Um solo onde existe dança, teatro, poesia, voz...

A oficina de Arte-Integrada vem para tentar sintetizar essa experiência cênica para que os artistas possam "se experimentar" em outro lugar artístico. E também para estimular a busca da fusão das artes e assim expandir a nossa comunicação e possibilidades cênicas.

Dançar, cantar, tocar, atuar, escrever, pintar... tudo isso faz parte da natureza humana. O que precisamos é de estímulo e treinamento. E uma vez que nos propusermos a fazer isso profissionalmente, devemos ter o mesmo nível técnico entre todas essas habilidades. É preciso paciência, tempo, investimento, estudo... mas à medida que nos desenvolvemos, esses limites que separam as "modalidades artísticas" vão ficando cada vez menores, pois percebemos que tudo é arte e o princípio é o mesmo para todas, basta transpor e readequar o que já aprendemos com uma, assim como quando aprendemos outro idioma. Quanto mais idiomas aprendemos, mais lógico vai ficando, pois vamos tendo uma maior capacidade de fazer conexões entre esses idiomas. Está tudo interligado. As linguagens cênicas estão interligadas. Basta estar disponível para fazer o mergulho. Sem medo, sem preconceitos, sem barreiras... respeitando cada uma.

Também é importante lembrar que o artista já é em si, um artista. Ele precisa de estímulo para que seu potencial emerja. E para que isso aconteça, existem vários caminhos. Não há fórmula para se criar um artista. Existem técnicas para treinamento para que esse artista manifeste a arte da forma como ele mais se identificar. Mas aquele "algo a mais" que não se explica, isso nasce com cada um. É a luz de cada um. E isso deve ser respeitado.

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