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domingo, 5 de julho de 2009

Sexo-Dança-Prazer-Palco-Êxtase

Casamento. Rotina. Cumplicidade. Amor. Amizade. Tesão? Paixão? Talvez as duas últimas palavras fiquem realmente mais para o final... mas mesmo assim vale à pena. Talvez nem todos os casamentos valham à pena... mas muitos valem sim.
E o que fazer quando a paixão passa... o que fazer naquelas fases mornas que todo relacionamento enfrenta... o que fazer para sair da rotina e apimentar um pouco a vida a dois? Sexo. Queremos fazer sexo. Que casal aguenta fazer sexo por quarenta, cinquenta anos, todos os dias??? Quando o sexo vira rotina, tanto faz fazer sexo ou escovar os dentes. Geralmente a segunda opção é até mais prazeirosa. Já quando o casal transa com menos frequência, a tendência é manter a qualidade, o prazer, a magia... no sexo tântrico os parceiros seguram o gozo, degustando cada momento, cada nuance... e finalmente, no dia do "espetáculo" vem o êxtase!
A rotina de muitos bailarinos, principalmente clássicos, é massacrante. Dói. Será que com o passar dos anos eles vão perdendo o tesão pela dança? Será que a dança começa como um amante sedutor e termina como um marido barrigudo, empunhando uma latinha de cerveja enquanto assiste o futebol ? Assim como muitas mulheres podem fingir lindamente um orgasmo, será que muitos bailarinos não estão fingindo também ao ir para o palco?
Em muitas companhias clássicas, bailarinos com trinta e quatro, trinta e cinco anos já pensam em se aposentar; já estão machucados, e muitos deles, decepcionados...
Até que ponto esse "over use" do bailarino compensa? O bailarino tem que dançar muito. O lugar dele é no palco. Reflito apenas sobre o abuso. Sobre ir além do que seria saudável e prazeiroso pra esse artista. Existem companhias que fazem longas temporadas de terça a domingo. A partir do momento que a arte vira um produto industrial, será que funciona? Funciona para o público, para a empresa... mas para cada artista, será que funciona? Tudo é uma questão de medida e equilíbrio. Dançar pouco é frustrante. Dançar em excesso, massacrante. É preciso dançar o suficiente para que continuemos excitados em cena. Para que gozemos nos espetáculos. Nossa rotina de trabalho também precisa de recursos para não nos aprisionar. Somos artistas. E trabalhamos com arte. Tudo isso é a medida do suor, do esforço, da rotina, do frescor, da disciplina, da surpresa, da emoção, da pausa, do silêncio, da catarse, do amor, do tesão, da paixão, do êxtase e do orgasmo.
E enquanto houver amor... dançarei com você.
E enquanto houver paixão... dançarei para você.
E neste casamento... que a dança seja o marido em quem confio e o amante a quem me entrego.

Rosa Antuña

4 comentários:

  1. Olá,
    o seu texto é muito bom, alguns enxertos me fizeram lembrar um grande autor literário, Franz Kafka.Ele conta a história em um de seus livros(agora não me lembro qual),sobre um trapezista.Na qual a sua rotina incessante trasformou a sua "arte pela arte" , na arte pelo dinheiro ou por repetição por over dose...a mecanicidade!

    muito bom mesmo,parabens!
    diz muita coisa, em simples palavra!parabens por manter esse esquelibrio e paixao pela dança...transparece no seu rosto!
    Denise Bessa

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  2. Arrasou amiga!! Coloquei um pedacinho no meu blog com seu nome.. ok? Beijins. Le. (por acaso, a palavra que me pediram para confirmar a postagem foi: pation.. :) Interessante...

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  3. Toda vez que eu enjoo de ensaiar a mesma música depois de anos, penso que aquilo podia ser uma raiz quadrada, um estorno, uma estatística, volto a ficar feliz e canto como se fosse a primeira vez ; )

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