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domingo, 8 de agosto de 2010

Ingressos FIT - aconteceu comigo

Numa bela tarde de sábado fui até 5ª avenida, na Savassi, não em Nova Iorque, comprar ingressos para o FIT (Festival Internacional de Teatro) em Belo Horizonte.
Chego no segundo andar procurando pelo “Ingresso Rápido”, como me foi indicado. Ouço uma música em alto e bom tom: era axé. Pensei : “- Vou passar longe!”, mas não pude fazê-lo, pois a melodia agradável vinha da loja de ingressos. Havia seis pessoas na minha frente. Eram três e meia da tarde. O estabelecimento fecharia às quatro. Demorou até chegar a minha vez, e, enquanto isso não acontecia, a fila foi aumentando. Chegaram mais umas seis pessoas. Eram homens muito alegres e animados, pois iriam comprar seus ingressos para assistir axé. Concentrei-me em meu jornal informativo para conferir as peças que me interessariam ir.
Chegou minha vez.
Comecei a dizer os nomes das peças para as quais eu gostaria de comprar os bilhetes. A simpática atendente, muito íntima, me interrompeu e disse : “- fala direto os nomes dos teatros e não das peças, senão não consigo aqui!”. Percebi que eu estava em outro planeta e seria importante que eu me mantivesse calma e observasse primeiramente os costumes daqueles seres estranhos. “- Pois não – eu disse. Só que eu tinha que ler em uma página do jornal o nome da peça, na outra o nome do Teatro... o processo foi ficando lento no “Ingresso Rápido”!
“- Bem - eu disse - quero ir no Cine Santa Tereza!” Neste momento a atendente fitou-me com desconfiança e compaixão : “- Nunca ouvi falar nisso!” Insisti : “- Cine Santa Tereza. É um cinema que foi reativado e é mais um espaço cultural na cidade.” Ela continuou olhando para mim com descrença. Lembrei-me que eu estava em outro planeta. Respirei fundo e insisti de novo. Finalmente, lentamente, ela achou no computador e acreditou em mim. Pedi-lhe, então, ingressos para o Teatro João Ceschiatti, no Palácio das Artes. Para quê? Ela teve a mesma reação de incredulidade. Nunca havia ouvido falar naquela sala de teatro. Quis me dar ingressos para o Grande Teatro. Expliquei-lhe que aquele era um teatro menor, dentro do complexo da Fundação Clóvis Salgado... mas quanto mais eu explicava, pior ficava a situação! Os seres da fila me olhavam impacientes, o som do axé soava como um bombardeio em meus ouvidos, mas eu queria os ingressos e precisava passar por essa prova para consegui-los e então voltar para o meu planeta onde eu poderia ouvir música.
Demorou muito para que eu conseguisse comprar todos os ingressos que queria. Eu ia pagar com cartão de crédito, daquele que não precisa de senha, mas ela exigiu a senha; paguei no débito com outro cartão.
Acabou. Consegui. Hora de sair daquele estranho planeta axé e voltar ao planeta cultura.
Quando eu estava saindo, a ouvi dizer para a fila restante, em alto e bom tom : “ – Ninguém mais aqui vai comprar ingressos para o teatro não, né? “.

Rosa Antuña.

3 comentários:

  1. Eu tb vivo em outro planeta, não neste do axé, é claro que não, mas naquele chamado Cinema. Que fica na Terra. Não é isso?
    Oswaldo

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  2. SIM!!!! E o cinema a boa música, o teatro, a dança, poesia, literatura artes plásticas... precisam se unir pra que as coisas estranhas voltem pra onde vieram!!! kkkkkkkkkkk

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  3. KKKKKKKKKKKKKKK. somente rir muito para não chorar... ms vivo num mundo pior.. o que não disponibiliza os meus interesses teatro, música, dança.. arte e não objeto de consumo que insistem em denomir de arte.. não que ... tenham e possuam suas características artísticas... acho graça da sua situação inusitada.. ms invejo a possibilidade de possuir estes recursos... nem o o axé eu posso curtir aki no interiorkkkkkkkkkkkkk

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