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domingo, 7 de junho de 2015

1 - Preparativos para a Trilogia do Feminino em Brasília

Em BH. Levei um mês para me recuperar dos 2 meses de viagem.
Então minha produtora e amiga (de Brasília) Juana Miranda, me confirmou que eu faria sim, a Trilogia do Feminino no Teatro da Caixa em abril, em Brasília!

E à partir de fevereiro comecei o trabalho árduo de levantar meus três solos. Seria a primeira vez que eu os faria assim, seguidos, cada dia um.

Primeiro peguei o solo novo, A Mulher que Cuspiu a Maçã, pois eu teria que recoreografar as quatro primeiras coreografias, pois não estava satisfeita com elas. E também teria que lembrar tudo o que trabalhei com a Roberta no Odin. Difícil demais se auto-coreografar... sempre quero mudar... com isso nunca fixo os movimentos, pois sempre quando tento repeti-los tenho alguma ideia que considero melhor do que a anterior.... após muita luta comigo mesma, consegui.

Depois me dediquei muito à Mulher Selvagem. Havia dois anos que não apresentava este solo. Foi fantástico revisitá-lo após ter passado pelo treinamento com a Roberta e o Odin... Tive que fazer inúmeras alterações e correções no trabalho. Eliminei cenas... criei outras... acrescentei inúmeros detalhes fundamentais... mudei o texto todo... recoreografei também várias cenas. Agora fiquei mais satisfeita. O que aprendi com Roberta, pude aplicar também em Mulher Selvagem. Confesso que foi dolorido remontar este trabalho. Consegui vê-lo com distanciamento pela primeira vez. Sua estreia foi em 2010, tem cinco anos. Consegui ver no solo realmente sobre o que eu estava falando. Na época, o fiz de forma absolutamente intuitiva. Eu ia criando as cenas. Elas simplesmente saíam do meu inconscienete. Hoje eu compreendi a dimensão do assunto que eu tratava. Eu falava , eu falo, em Mulher Selvagem, sobre abuso. Abuso que eu mesma senti a vida toda. Abuso que me fez ficar calada por muito tempo. Um abuso consentido. Um abuso que todas as mulheres sofrem por terem nascido mulheres. Uma opressão silenciosa. Uma crítica severa e constante. Uma repressão velada e sufocante. E sim, como mulher eu cresci com isso e não sabia explicar o que era. E pus tudo para fora em Mulher Selvagem, ainda como um pedido de socorro. E foi " A Mulher que Cuspiu a Maçã", que veio salvá-la, ou salvar-me, ou salvar-nos.
Doeu ver como me senti avida inteira. Mas foi bom saber que não vivo mais nessa condição.
Agora eu brigo.

Deixei para trabalhar por último O Vestido. Fiquei meio desesperada. Foi o que deixei por último, por isso tive pouco tempo. Pensei que seria mais fácil, mas me enganei. Comecei a passar pelo mesmo processo de Mulher Selvagem, de querer modificar cenas inteiras... mas como sempre, Mário estava ali, do meu lado, e me acalmava quando eu começava a entrar em crise de ansiedade e auto-flagelação. rs... A cena dos confetes foi a mais difícil para decidir. Sempre tive dúvida... não sobre a cena em si, que é muito forte. mas sobre o que devo dizer nesse momento... foi então que... vindo do processo de abuso que trata Mulher Selvagem, decidi falar sobre liberdade sexual feminina. Era isso! Fechei a cena. (detalhe: a estreia foi em 2013).

Senti que após A Mulher que Cuspiu a Maçã, os outros dois solos fizeram ainda mais sentido para mim. E artisticamente ganhei mais recursos para explorá-los de forma mais intensa. Eles ganharam camadas mais profundas. Está feita a Trilogia do Feminino.

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