Quando tenho um pensamento, uma ideia, minha forma de
organizá-lo e transmiti-lo varia conforme meu receptor da mensagem, ou seja,
dependendo com quem falo, mudo meu jeito de me expressar, pois o que mais quero
é me fazer entender.
Penso que isso acontece com quase todo mundo... Isso é bem
claro quando conversamos com alguém que não fala português. Podemos tentar nos
comunicar em outras línguas que falamos, usamos mímicas, olhamos no dicionário,
no google translator... Mas é importante que o receptor esteja aberto para nos
compreender e nos ajude.
Também fica claro quando um adulto conversa com uma criança.
Ou quando conversamos com alguém que não escuta muito bem. Se a intenção é
conversar, se comunicar, nosso jeito se adapta.
Já dancei muito forró. Adoro. E no forró aprendi muito a
estar disponível para entender o outro. Já me explico: nunca me recusei a dançar
com ninguém. E dancei com todos os tipos de parceiros! Altos, baixos, gordinhos
ou magrinhos, que dançavam bem, ou mal, que tinham gingado estranho, básico,
que faziam acrobacias, ou que só ficavam no lugar... não importava.
Mas para mim isso foi um grande exercício de escuta: escutar
o corpo do outro e o que ele estava querendo me dizer.
No forró dancei com parceiros de todas as religiões. Dancei
com ateus. Dancei com homens de todas as cores, com dinheiro ou sem. Dancei com
parceiros bem mais velhos, da minha idade ou bem mais jovens. Dancei com homens
que não sabiam ler, nem escrever e dancei com doutores.
E ouvi a todos eles. Ouvi através do corpo. Ouvi através da
dança. E com cada um a comunicação foi de uma forma. O jeito do corpo conversar
mudava, mas era tudo dança! E todos estávamos ali querendo dançar.
Mas agora fico pensando... como é possível escrever um texto,
com uma organização de pensamentos e palavras, que precisa ser compreendido por
tantas pessoas tão diferentes?
E como essas pessoas tão diferentes vão se comunicar com
seus textos e com sua organização de pensamentos e palavras? Cada um é tão específico...
Como posso compartilhar uma ideia hoje, sem que haja uma
enorme boa-vontade do receptor em captar a essência do que pretendo transmitir?
Como posso me fazer entender por todos? Como vamos
conversar? Se não nos colocarmos no lugar do outro, o diálogo vai ficar cada
vez mais difícil...
Quer saber?
foto: Duda Las Casas
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