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domingo, 23 de setembro de 2018

Vamos todos dançar?


Quando tenho um pensamento, uma ideia, minha forma de organizá-lo e transmiti-lo varia conforme meu receptor da mensagem, ou seja, dependendo com quem falo, mudo meu jeito de me expressar, pois o que mais quero é me fazer entender.

Penso que isso acontece com quase todo mundo... Isso é bem claro quando conversamos com alguém que não fala português. Podemos tentar nos comunicar em outras línguas que falamos, usamos mímicas, olhamos no dicionário, no google translator... Mas é importante que o receptor esteja aberto para nos compreender e nos ajude.

Também fica claro quando um adulto conversa com uma criança. Ou quando conversamos com alguém que não escuta muito bem. Se a intenção é conversar, se comunicar, nosso jeito se adapta.
Já dancei muito forró. Adoro. E no forró aprendi muito a estar disponível para entender o outro. Já me explico: nunca me recusei a dançar com ninguém. E dancei com todos os tipos de parceiros! Altos, baixos, gordinhos ou magrinhos, que dançavam bem, ou mal, que tinham gingado estranho, básico, que faziam acrobacias, ou que só ficavam no lugar... não importava.
Mas para mim isso foi um grande exercício de escuta: escutar o corpo do outro e o que ele estava querendo me dizer.

No forró dancei com parceiros de todas as religiões. Dancei com ateus. Dancei com homens de todas as cores, com dinheiro ou sem. Dancei com parceiros bem mais velhos, da minha idade ou bem mais jovens. Dancei com homens que não sabiam ler, nem escrever e dancei com doutores.
E ouvi a todos eles. Ouvi através do corpo. Ouvi através da dança. E com cada um a comunicação foi de uma forma. O jeito do corpo conversar mudava, mas era tudo dança! E todos estávamos ali querendo dançar.

Mas agora fico pensando... como é possível escrever um texto, com uma organização de pensamentos e palavras, que precisa ser compreendido por tantas pessoas tão diferentes?
E como essas pessoas tão diferentes vão se comunicar com seus textos e com sua organização de pensamentos e palavras?  Cada um é tão específico...

Como posso compartilhar uma ideia hoje, sem que haja uma enorme boa-vontade do receptor em captar a essência do que pretendo transmitir?
Como posso me fazer entender por todos? Como vamos conversar? Se não nos colocarmos no lugar do outro, o diálogo vai ficar cada vez mais difícil...

Quer saber?

Acho que poderíamos todos ir dançar forró...



foto: Duda Las Casas

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